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Lula e Haddad
Declarações de Lula e Haddad foram dadas ao jornalista Marcus Uchôa durante a transmissão da live semanal desta terça (21).| Foto: reprodução/Canal Gov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, atacaram as políticas públicas implantadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano passado para ajudar a reaquecer a economia e diminuir a carga tributária sobre os brasileiros, para que tivessem mais renda para consumir. Lula também criticou as cobranças que vêm recebendo por resultados ao longo deste ano à frente do governo.

As críticas ocorreram logo no começo da live semanal “Conversa com o Presidente” desta terça (21), em que Haddad participou para falar principalmente da nova fase do programa Desenrola Brasil. A solução para os brasileiros endividados, no entanto, ficou em segundo plano durante a transmissão.

Haddad disse que Bolsonaro concorreu à reeleição “disposto a tudo para reverter o quadro que parecia desfavorável e se confirmou desfavorável a ele”, o que o teria levado a conceder auxílios e benefícios que provocaram um “descontrole” das contas públicas em torno de R$ 300 bilhões.

“Acho que todo mundo lembra o que o Bolsonaro fez com os governadores, tomou dinheiro dos governadores, depois deu calote em precatório, depois adiou o pagamento de dívidas, enfim. Foi uma bagunça no orçamento federal, e quando o presidente Lula foi eleito começamos a identificar um volume imenso de recursos, preocupante”, disse Haddad mencionando auxílios voltados aos caminhoneiros e taxistas, entre outros (veja o trecho).

Entre as críticas de Haddad está a redução do ICMS para itens que passaram a ser considerados essenciais com um limite de alíquota cobrada pelos estados, de 17% a 18%, para combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. A redução do tributo foi proposta pelo deputado Danilo Forte (União-CE), que hoje relata o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024, e aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em junho do ano passado.

Essa redução do ICMS teria levado os estados a perderem arrecadação, segundo o ministro, e afetado as contas públicas fazendo com que o governo esteja há quase um ano “tentado botar a mínima ordem no orçamento federal”.

Lula completou a fala de Haddad dizendo que sabia da situação das contas públicas e do “estrago que tinha sido feito”, e que tinha que “reconstruir o país”. “Criou-se (sic) quatro anos de muita mentira, muito embuste, de muitas fantasias, muitas fake news”, afirmou.

O presidente reconheceu que muitas das propostas sugeridas não foram bem recebidas pela população, mas que as reformas são necessárias para corrigir o suposto cenário econômico de dificuldade herdado por ele.

“Todo mundo que está nos ouvindo, que tem que fazer uma reforma na bicicleta, no carro, na cozinha, sabe que fazer reforma é sempre muito complicado, porque o custo sempre é muito maior do que aquele que a gente planejou”, disse.

Lula afirmou que primeiro foi preciso recriar ministérios que, segundo ele, dão representatividade para diferentes segmentos da sociedade, o que fez a estrutura do governo dar um salto de 23 pastas para 37 no começo do novo mandato. Mais recentemente, Lula ampliou para 38 com a criação do Ministério da Pequena e Média Empresa para abrigar o aliado político Márcio França (PSB-SP), que foi deslocado da primeira montagem para abrigar o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) na cota do partido em troca de ampliação da base governista na Câmara dos Deputados.

Neste quesito, Lula fez questão de ressaltar que, apesar do aumento da quantidade de ministérios, não criou nenhum cargo a mais do que já existia e do que deixou em 2010, quando encerrou seu segundo mandato. Ele, no entanto, não apresentou números que comprovem a afirmação.

Em outro momento, Lula afirmou que seu governo passou a ser tratado com “seriedade” pelo mercado, dizendo que o “país deixou de brincar”. “Porque há muito tempo esse país não era levado a sério, porque as pessoas não cumpriam aquilo que falavam”, afirmou.

Lula não quer ser cobrado pelo mercado

Ainda durante a live desta terça (21), Lula criticou “analistas econômicos” que vêm cobrando resultados do seu desempenho à frente do governo do país, e disse que só quer ser cobrado ao final do mandato, em 2026.

“Presta a atenção vocês que ficam fazendo análises econômicas, que ficam todos os dias [dizendo] ‘o juro caiu meio por cento’, nós vamos desenrolar esse país. Não adianta me cobrar as coisas assim, eu só estou com 10 meses de governo. Quero que vocês me cobrem quando chegar no final do meu mandato em 2026. Eu quero que vocês façam uma comparação do Brasil que nós herdamos e do que vamos entregar à sociedade brasileira”, disparou durante a live (veja o trecho).

Lula completou a afirmação dizendo que falou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmando que pretende acelerar a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia até o fim do mandato na presidência rotativa do bloco sul-americano, em 7 de dezembro.

A data é dias antes da posse de Javier Milei na presidência da Argentina, em 10 de dezembro. Milei já fez críticas duras ao Mercosul e propôs até mesmo deixar o bloco comercial, o que poderia afetar diretamente as relações com o Brasil. Lula vem pregando, desde o começo do mandato, um fortalecimento do Mercosul.

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