O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou que tenha uma relação de amizade com seu ex-advogado nos processos da Lava Jato, Cristiano Zanin, que foi indicado por ele a uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O jurista teve a indicação aprovada pelo Senado e toma posse do cargo em agosto.
“Ele [Zanin] não era amigo, ele era meu advogado. É uma pessoa extremamente capaz. O Zanin foi escolhido porque o Zanin é um homem do presente e um homem do futuro. Ele é muito estudioso, ele é muito competente, muito dedicado e muito sério. Essas foram as razões pelas quais ele foi escolhido. E eu acho que ele vai ser um extraordinário ministro da Suprema Corte”, disse Lula em entrevista à TV Record nesta quinta (13).
O afastamento da relação de amizade com Zanin contradiz o que ele próprio afirmou em maio, de que o advogado é seu “amigo”, em entrevista à BandNews FM. Durante a campanha eleitoral do ano passado, Lula afirmou no debate da Band que “tentar mexer na Suprema Corte pra colocar amigo, pra colocar companheiro, partidário, é um atraso e retrocesso que o Brasil já conhece, e eu sou contra”.
Ainda na entrevista desta quinta (13), Lula disse que qualquer tema que precise falar com Zanin não será algo pessoal, e sim para os interesses do país. E que nunca vai precisar pedir um favor ao magistrado, já que “nunca” fará nada de errado.
“E posso dizer que eu nunca vou precisar de um favor pessoal do Zanin, porque eu nunca vou fazer nada errado”, disse.
O presidente citou outros ministros do STF que foram indicados por ele, nos dois mandatos anteriores, e frisou que não quer “uma relação de amizade” com os integrantes do Supremo. “Todo mundo que eu indiquei sabe. O Ayres Britto sabe disso, o Joaquim [Barbosa] sabe disso, a Cármen Lúcia sabe disso. Todos sabem que eu não peço favor. Eu não quero relação de amizade, eu quero relação de respeito”, completou na entrevista.
Lula terá que indicar mais um ministro ao STF em outubro, quando Rosa Weber vai se aposentar. De acordo com ele, a pessoa indicada “pode ser uma mulher, um homem, um negro. Sempre indicarei as pessoas com os interesses da sociedade brasileira, sérias, responsáveis. Não quero ninguém para fazer molecagem nesses cargos importantes”.
"Quadrilha"
Lula ainda demonstrou ressentimento com órgãos como o STF e o Ministério Público Federal por conta das condenações que teve durante a Operação Lava Jato, que o levaram à prisão em 2018 por corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com ele, o MPF formou uma “quadrilha”.
“Quando houver um comportamento que houve, em que uma quadrilha foi montada no Ministério Público, liderada pelo [ex-procurador e ex-deputado Deltan] Dallagnol, quando houver isso, aí você vai pedir um julgamento justo da Suprema Corte. Mas favor pessoal, eu nunca vou pedir”, disse.
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