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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).| Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender na noite desta terça-feira (30) o ditador venezuelano, Nicolás Maduro. O petista recebeu Maduro na segunda (29) com honras de estado. Após o encontro, Lula afirmou que a Venezuela é alvo de "narrativas". Nesta manhã, o presidente recebeu 11 dos 12 presidentes da América do Sul para uma cúpula organizada pelo governo brasileiro.

A declaração de Lula sobre as "narrativas" contra a Venezuela não foi bem recebida por dois participantes. Mais cedo, os presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Chile, Gabriel Boric, afirmaram que discordam de Lula e que a ditadura venezuelana não se trata de "narrativas", mas da realidade.

“O Maduro é um presidente que faz parte do continente nosso, desse pedaço do continente americano. O Maduro foi convidado e houve muito respeito com a participação do Maduro, inclusive com os companheiros que fizeram críticas, fazendo a crítica no limite da democracia, porque nessas reuniões ninguém é obrigado a concordar com ninguém”, afirmou o mandatário brasileiro. Lula disse ainda que Maduro quer estabelecer um “calendário de pagamento” da dívida com o Brasil.

A declaração também causou desgastes do petista com o Congresso Nacional e com os Estados Unidos. E isso ocorre justamente na semana em que o governo tenta evitar novas derrotas na votação da medida provisória que trata da reestruturação da Esplanada dos Ministérios.

Matéria da Gazeta do Povo mostrou que, reservadamente, integrantes da base governista admitiram que a "pomposa e calorosa" recepção de Lula ao ditador venezuelano na véspera de votações importantes para o Planalto pode ampliar a resistência entre os parlamentares.

Construção da "narrativa"

O presidente ressaltou que “todo mundo sabe o que eu falo e todo mundo sabe o que eu penso”. Segundo ele, “em política, toda vez que você quer destruir um adversário, a primeira coisa que você faz é construir uma narrativa negativa dele”.

“Desde que o [Hugo] Chávez tomou posse foi construída uma narrativa contra o Chávez. Eu tive a oportunidade de ver isso, uma narrativa em que você determina que o cara é um demônio. A partir daí você começa a jogar todo mundo contra ele. Foi assim que aconteceu com o Chávez. Foi assim que aconteceu comigo”, disse.

“Então, o que o disse para o Maduro é que existe uma narrativa no mundo de que na Venezuela não tem democracia e que ele cometeu erros. Eu disse que é da obrigação dele construir a narrativa dele com os fatos verdadeiros”, acrescentou.

Críticas de Lacalle Pou e Boric

Durante a coletiva desta noite, Lula foi questionado diretamente sobre as críticas dos colegas do Uruguai e do Chile. O presidente brasileiro afirmou que "não é possível que não tenha o mínimo de democracia na Venezuela".

"O fato de ter dois companheiros presidentes que não concordaram, não sei em que jornal eles leram. Eu disse que aqui não foi convocado essa reunião como um grupo de amigos do Lula. Foram convocados os presidentes da América do Sul para discutir a possibilidade de construir um órgão multilateral capaz de dar densidade orgânica para as nossas relações com outros blocos econômicos", afirmou.

“A mesma exigência que o mundo democrático faz para a Venezuela, não faz para a Arábia Saudita. É muito estranho. O que eu defendo é que cada país seja soberano em suas decisões”, disse Lula.

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