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O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), afirmou nesta terça-feira (25) que o colegiado não mantém diálogo com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Segundo ele, as negociações do setor passaram a ser conduzidas diretamente com “ministros considerados mais influentes no governo”, como o titular da Fazenda, Fernando Haddad.
“O interlocutor do agro virou o Ministério da Fazenda. O Ministério da Agricultura ficou, infelizmente, em segundo plano, nos obrigando a tratar com ministros fortes, como Haddad”, declarou Lupion aos jornalistas, na sede da FPA, em Brasília.
As críticas do presidente da FPA surgiram após a suspensão dos novos financiamentos do Plano Safra com recursos da União. Na última sexta-feira, Fávaro rebateu as manifestações da FPA, classificando as reações como “narrativas intolerantes contra um governo que está dando respostas efetivas, entregando o maior Plano Safra, safra recorde”.
“A gente, hoje, vive uma intolerância por parte do Congresso, principalmente da Frente Parlamentar da Agropecuária, que, se tivesse cumprido seu papel, cobrando a aprovação orçamentária, talvez não tivesse de ter passado por isso hoje”, afirmou o ministro à CNN Brasil.
Apesar das críticas, Lupion negou que exista um rompimento formal com o ministro da Agricultura, mas reforçou o distanciamento. “Não há rompimento, quando não há relação com o ministro”, disse.
O presidente da FPA defendeu a postura do grupo e reafirmou o compromisso com o setor agropecuário. “Os ataques contra o posicionamento desta Frente mostram que estamos defendendo o nosso setor”, destacou.
A decisão do Tesouro Nacional de suspender as contratações do Plano Safra, segundo Lupion, foi tomada sem qualquer articulação prévia, o que gerou surpresa no setor produtivo. “Tivemos uma surpresa, para nós e para o setor produtivo”, afirmou.
Diante da pressão do setor agropecuário, o Ministério da Fazenda anunciou a edição de uma medida provisória para resolver o impasse. O texto foi publicado nesta segunda-feira e destina R$ 4,1 bilhões adicionais para dar continuidade ao programa de financiamento.
“O ministro Haddad entrou em contato conosco e efetivou o que disse que faria. A MP já está vigente”, confirmou Lupion, acrescentando que representantes do Banco Central já comunicaram a retomada das contratações.