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Moro nega que pretenda deixar o governo Bolsonaro
Sergio Moro negou a intenção de disputar eleições.| Foto: Reprodução/Jovem Pan

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse nesta segunda-feira (27) que não tem pretensão de disputar eleições e participar da política partidária. Também negou que queira deixar o governo do presidente Jair Bolsonaro, mas disse que ir para o Supremo Tribunal Federal (STF) seria uma "perspectiva que pode ser interessante e natural".

As declarações do ministro foram dadas no programa Pânico, na Radio Jovem Pan. Foi a primeira vez que ele deu uma entrevista após Bolsonaro ter cogitado esvaziar o ministério de Moro ao recriar a pasta da Segurança e deixá-lo apenas com a Justiça. Nos bastidores, correu a informação de que Moro teria ameaçado deixar o governo se o ministério fosse desmembrado. E aliados do ministro viram na manobra do presidente uma tentativa de enfraquecer Moro, inclusive eleitoralmente. O presidente voltou atrás e disse, na sexta-feira (24), que a chance de dividir o Ministério da Justiça e Segurança Pública é "zero", mas não descartou fazer isso no futuro.

A entrevista ao Pânico também foi a primeira em que Moro falou em um programa de entretenimento – no caso, um humorístico. Até então, ele dava entrevista apenas à imprensa e em programas jornalísticos.

"Não tem nenhum motivo para eu não ficar no governo"

O ministro negou que tenha a intenção de sair do governo. "Esse episódio [da divisão do ministério em dois], o próprio presidente falou na sexta-feira [dia 24] que está encerrado. Não tem nenhum motivo para eu não ficar [no governo]. Estou fazendo um trabalho que eu me comprometi com o presidente", afirmou. "Tem muita gente querendo enfraquecer o governo me tirando do governo."

Mesmo assim, Moro defendeu a manutenção do Ministério da Justiça e Segurança Pública. "Não acho que isso seja uma ideia muito boa [dividir as pastas]", disse. "Acho que os ministérios juntos são mais fortes do que separados."

Moro também desconversou quando foi questionado sobre a possibilidade de concorrer em 2022 como vice na chapa de reeleição de Bolsonaro. "O que eu tenho na minha cabeça é o presente e não o futuro distante. Tem um vice hoje, que é o general Hamilton Mourão. Não acho apropriado esse tipo de discussão", afirmou.

"Eu quero ficar um pouco longe dessas discussões que não são muito minha área. Prefiro fazer meu trabalho. Tem muitos partidos muito bons, mas eu não tenho essa perspectiva de ir para a política partidária ou concorrer a eleições", garantiu Moro.

Moro no STF: "Perspectiva interessante e natural"

Moro também falou sobre a perspectiva de ser indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente vai ter que indicar dois ministros até o fim de seu mandato. Moro já foi um forte candidato à primeira vaga, que abre no fim de 2020. Mas o novo favorito de Bolsonaro é o advogado-geral da União, André Luiz Mendonça.

“É uma perspectiva que pode ser interessante e natural na minha carreira. Mas a escolha cabe ao presidente da República”, disse Moro. O ministro afirmou ainda ficar desconfortável em discutir o tema antes da aposentadoria do ministro Celso de Melo, em novembro.

Prisão em segunda instância

Moro voltou a defender a prisão em segunda instância – uma proposta de emenda à Constituição (PEC) sobre o tema tramita na Câmara. Moro afirmou que vai ajudar o Congresso a aprovar a proposta. “Isso transcende muito a questão do Lula. Se você fez algo de errado, cometeu um crime, tem que pagar nessa vida”, disse o ministro.

Ele também lamentou o fato de Lula ter sido libertado após uma decisão do STF que derrubou a prisão em segunda instância. “O correto era ele ter saído após cumprir toda a pena”, disse o ex-juiz, que foi responsável por condenar em primeira instância e decretar a prisão do petista.

Moro também minimizou as derrotas sofridas por ele na tramitação do pacote anticrime. A proposta, entregue por ele ao Congresso em fevereiro do ano passado, foi "desidratada" pelos parlamentares. O ministro minimizou as mudanças e disse que “muita coisa importante” foi aprovada.

Moro e a relação com a imprensa

Moro também falou sobre a relação com a imprensa. O ministro reclamou da cobertura de jornalistas em relação a crises políticas no governo, como no episódio envolvendo a possível divisão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. “A imprensa podia dar uma folguinha e dar o lado positivo do governo”, disse o ministro.

Um pouco mais cedo, enquanto um dos humoristas do programa fez piada imitando a voz do ministro, Moro brincou: "Tem a lei de abuso de autoridade. A gente não pode mais prender jornalista agora", disse, quando o humorista pediu que ele não decretasse sua prisão.

O ministro também defendeu o governo em relação ao relacionamento com a imprensa. "Não existe nenhuma ideia de qualquer cerceamento à liberdade de expressão. Acho que isso é muito positivo."

Moro aproveitou para cutucar o PT, partido do principal adversário de Bolsonaro na última eleição, Fernando Haddad. Ele lembrou que a regulamentação da mídia e do Judiciário eram parte da plataforma de campanha do partido em 2018.

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