• Carregando...
O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva
O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva| Foto: Pedro França/Agência Senado

O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, que depõe nesta quarta-feira (1) à CPI da Covid do Senado, confirmou em sua fala que fez visitas ao Ministério da Saúde para entrega de faturas e outros documentos em nome da VTC Log, empresa para a qual trabalha. Silva negou, entretanto, que tenha entregado quantias em espécie, para qualquer beneficiário. O depoimento dele ainda está em curso.

Ele disse também que uma visita de 2021 ao Ministério foi ao quarto andar do edifício-sede da pasta. O quarto andar é onde está localizado o Departamento de Logística do Ministério, segmento da pasta que está sob análise da CPI por conta de supostas irregularidades na negociação de vacinas contra a Covid-19.

Silva foi chamado à CPI por ter sido identificado como o executor de saques em dinheiro, de somas elevadas, em nome da VTC Log. Os saques efetuados em dinheiro vivo pelo motoboy somaram R$ 4,8 milhões.

A VTC Log atua no segmento de logística e teve movimentações financeiras tidas como suspeitas pelo Controle de Atividades Financeiras (Coaf) nos últimos dois anos. Segundo análises do Tribunal de Contas da União (TCU) e de técnicos do próprio Ministério da Saúde, a pasta fechou um contrato com a VTC Log, para serviços de transporte e armazenamento de vacinas, com valores superiores ao recomendado. O responsável pela decisão foi Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério, que foi um dos participantes do "jantar da propina" e chegou a ser preso em seu depoimento à CPI.

Silva disse à comissão que seu vínculo com a VTC Log é restrito às suas atividades de motoboy, que constituem principalmente na realização de serviços bancários, como os saques e pagamento de boletos. Ele declarou que não se interessava em saber os beneficiários das faturas pagas pela VTC Log.

O motoboy também destacou que a frequência de serviços bancários tem sido reduzida ao longo dos últimos meses, em especial do trimestre mais recente. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), relacionou o fato à instalação da CPI, que teve seus trabalhos iniciados em abril.

Mudança em depoimento

A presença de Silva na CPI nesta quarta foi uma reviravolta na agenda da comissão, ocorrida nas primeiras horas da manhã. O depoimento previsto era o do empresário Marcos Tolentino, apontado como "sócio oculto" do FIB Bank. Ele, entretanto, disse à comissão que teve um mal súbito e estaria internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. A CPI então entrou em contato com Silva e conseguiu reagendar seu depoimento para esta quarta. Silva teve sua oitiva agendada para o dia anterior, a terça-feira, mas contou com um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que deu a ele o direito de não comparecer. Segundo Aziz, a ida de Silva à comissão nesta quarta se deu por decisão do próprio motoboy.

Já a ausência de Tolentino foi alvo de questionamentos por parte do presidente da CPI. Aziz disse que a comissão pedirá esclarecimentos ao Sírio Libanês sobre o real estado de saúde do empresário. O senador afirmou ter a informação de que Tolentino estava em boas condições físicas na noite de terça, o que motivou a desconfiança.

Suspeita sobre 7 de setembro e nova lista de investigados

Antes do começo do depoimento de Silva, a CPI debateu temas como as manifestações de 7 de setembro, convocadas por grupos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. O senador Humberto Costa (PT-PE) disse ter recebido a informação de que uma quantia em dinheiro apreendida na semana passada no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, tinha como destino o financiamento dos atos.

O montante era de R$ 505 mil e estava de posse de Gilmar João Alba (PSL), prefeito de Cerro Grande do Sul (RS). Alba, conhecido como "Gringo Loco", é defensor do governo Bolsonaro.

Outro tópico abordado pelos parlamentares foi uma possível ampliação na lista de investigados pela CPI. O relator do colegiado, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que pretende incluir mais nove nomes na relação. Eles são o ministro Onyx Lorenzoni, do Trabalho e Previdência Social; o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS); o empresário Luciano Hang, proprietário das lojas Havan; o policial militar Luiz Dominguetti, representante da empresa Davati; os coronéis Marcelo Bento Pires e Helcio Bruno de Almeida; a servidora pública Regina Célia Silva Oliveira, fiscal de contratos do Ministério da Saúde; Emanuela Medrades, diretora da Precisa Medicamentos; e Cristiano Carvalho, diretor da Davati. A CPI precisa deliberar sobre a decisão de Renan para confirmar ou não a inclusão dos nomes na lista de investigados.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]