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MST
Movimento afirma que cerca de 300 famílias estão com dificuldade para ter acesso à água, o que é contestado pela estatal.| Foto: MST-BA

Cerca de 300 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu uma área da Codevasf em Juazeiro (BA), neste domingo (10), em protesto por uma suposta falta de cumprimento de acordo para assentar mil famílias no estado.

Segundo o MST, as famílias são do acampamento Terra Nossa que não estão tendo acesso à água por parte da estatal. Um acordo de 2008 entre o movimento, a Codevasf e o Incra teria assentado parte das famílias em uma área de 13 mil hectares adquiridos pela estatal.

“No entanto, após 16 anos, apenas 192 famílias estão assentadas e pouco mais de 5.500 hectares regularizados”, diz o movimento ressaltando que há um projeto de irrigação localizado a 800 metros do acampamento.

O MST afirma, ainda, que a área “se encontra em terras devolutas com cerca de 4.000 hectares e está a 800 metros do projeto Salitre da Codevasf, que tem 51 mil hectares de espelho d'água”.

O movimento afirma que há uma “privatização da água” pela Codevasf, em que “privilegia as grandes empresas e grandes empresários, garantindo abundância hídrica para o agronegócio, através dos perímetros irrigados, excluindo a agricultura familiar e o pequeno produtor”.

A Codevasf rebateu as afirmações e disse que a água “destina-se aos agricultores regularmente instalados” no projeto.

“A maior parte dos produtores atendidos pelo projeto pratica a agricultura de caráter familiar. São 255 produtores familiares e 68 produtores empresariais, que atuam em 5,1 mil hectares. A outorga de água emitida pelo órgão regulador é específica para uso na área do Projeto Salitre”, afirmou a empresa em nota.

Histórico apoiador do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o MST tem criticado a demora no avanço das políticas de reforma agrária. Na última quarta-feira (6), o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), ligado ao movimento, expressou preocupação com a retomada das ocupações.

“O orçamento do Incra é o menor de todos os orçamentos dos governos do PT. Essa é uma preocupação. Nos assentamentos falta água, falta estrada, não há desapropriação”, afirmou o deputado.

Na última sexta (8), o deputado federal Domingos Sávio (PL-MG), disparou e afirmou que “passar pano pra invasor de terra é uma das maiores atrocidades que esse governo faz com o produtor rural e com quem mora no campo. Só em 2023, o número de invasões foi maior do que em quatro anos do governo Bolsonaro. Voltaram a se sentir confortáveis para cometer crimes”.

No começo deste ano, o líder nacional do MST, João Pedro Stédile, afirmou que o ano de 2024 deve ser marcado por um aumento de invasões a propriedades privadas por “dificuldades” dos integrantes. Ele afirmou que, se o governo não toma iniciativa, “a crise capitalista continua se aprofundando”.

“O ser humano não é igual ao sapo, que o boi pisa e ele morre sem dizer nada. Vai haver muito mais luta social”, afirmou.

A fala de Stédile ocorreu dois dias depois de um grupo de indígenas invadir uma propriedade da Bahia e que levou a um confronto que vitimou uma pessoa e levou dois fazendeiros à prisão.

E também no mesmo dia que o movimento comemorou 40 anos de criação, com uma mobilização nas áreas de assentamentos. O MST chega às quatro décadas de idade com o desafio de fazer a ideologia persistir em um momento de decadência do interesse dos jovens – mesmo os que estão nos acampamentos.

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