O deputado federal André Janones (Avante-MG).| Foto: Ricardo Albertini/Câmara dos Deputados
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O deputado federal André Janones (Avante-MG) foi a principal novidade da pesquisa sobre a eleição presidencial feita pelo Ipec e divulgada na última terça-feira (14). O parlamentar apareceu com 2% das intenções de voto, o mesmo que o governador paulista João Doria (PSDB) e à frente dos senadores e pré-candidatos Rodrigo Pacheco (PSD), Simone Tebet (MDB) e Alessandro Vieira (Cidadania).

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O desempenho, porém, não surpreendeu Janones. À Gazeta do Povo, o parlamentar disse que "poderia ser politicamente correto" e dizer que não espetava esses números, mas destacou que já esperava ter tido essa pontuação no levantamento. O motivo da confiança é o sucesso que Janones tem nas redes sociais. O parlamentar é hoje um fenômeno na internet, com mais de 12 milhões de seguidores. É um contingente bem mais amplo do que o dos eleitores que votaram nele em Minas Gerais (178 mil). Em algumas ocasiões, suas manifestações online inclusive produzem interações superiores às do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Janones, aliás, tem similaridades com Bolsonaro. Não em termos programáticos – o deputado considera o presidente um mau administrador e faz, na Câmara, oposição à sua gestão. Mas na trajetória política. O deputado de Minas é assumidamente um membro do "baixo clero", um parlamentar autônomo no Congresso, avesso às negociações partidárias e à dinâmica de acordos que marcam o Legislativo de forma parecido com a atuação de Bolsonaro na maior parte de sua trajetória como deputado.

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Um ano antes de ser eleito presidente da República, Bolsonaro se candidatou à presidência da Câmara. Ainda visto como um político extremista e folclórico, recebeu apenas quatro votos. Janones também concorreu ao comando da Casa no início de 2021, e teve três votos.

Se a primeira parte da história de ambos é similar, a segunda pode também ser? "Acredito muito nisso", diz Janones.

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Candidatura de André Janones "surgiu" a partir de suas redes sociais

A pré-candidatura presidencial de André Janones é recente. Surgiu nos últimos meses. Segundo o parlamentar, foi primeiro impulsionada pela sua base nas redes sociais. E, depois, chancelada pelo Avante, seu partido (o antigo PTdoB). No fim de novembro, todos os presidentes dos diretórios estaduais se reuniram e apoiaram o projeto presidencial de Janones. Hoje, segundo o deputado, a candidatura "está 100% fechada". "Não há mais nada a ser discutido ou votado", diz.

O Avante de Janones é um dos menores partidos do Brasil. Não tem nenhum senador e governador entre seus filiados. A bancada na Câmara é formada por apenas oito deputados. E David Almeida, de Manaus (AM), é o único prefeito de capital que pertence ao partido.

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O tamanho diminuto da legenda, porém, não é visto por Janones como um problema para sua empreitada presidencial. "O Avante está me cacifando, depositando em mim a expectativa para que eu possa ser o candidato do partido. Mas o conteúdo programático da campanha será definido e apresentado por mim. De forma muito direta", diz. Para o deputado, são essas diretrizes de campanha, definidas por ele próprio, que lhe dão o otimismo para a campanha de 2022.

No atual período de pré-campanha, ele pretende manter o "diálogo direto" com os eleitores. O parlamentar pretende viajar por diferentes cidades do Brasil para, segundo ele, "mais ouvir do que falar". "Nós nos acostumamos a ver candidatos a presidente apresentando cartas à população, cartas com a sua proposta. Eu quero fazer o contrário. Quero receber a mensagem, ouvir o que a população tem a dizer, e construir as propostas a partir disso."

Segundo Janones, outro fator que pode impulsionar a campanha é o fato de que, na sua avaliação, "não existe terceira via no Brasil". "Só temos duas vias; e o resto é mais do mesmo", diz, em referência aos polos protagonizados por Bolsonaro e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aos demais pré-candidatos, como Doria, Simone Tebet, Vieira, Pacheco e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos). A meta de Janones é ser identificado como a real terceira opção além de Lula e Bolsonaro.

André Janones ficou conhecido na greve dos caminhoneiros

André Janones é advogado e venceu sua primeira eleição em 2018, quando se elegeu deputado federal por Minas Gerais, com 178 mil votos. Foi o terceiro mais votado em seu estado, à frente de pesos-pesados locais como Patrus Ananias (PT), Newton Cardoso Júnior (MDB) e Aécio Neves (PSDB).

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O triunfo em 2018 foi resultado de um trabalho nas redes sociais iniciado meses antes. Naquele ano, o Brasil registrou a greve nacional de caminhoneiros, que gerou impactos para a economia de todo o país e também promoveu lideranças que prestaram suporte aos profissionais do transporte de carga. Janones foi um deles. Com vídeos e publicações na internet em defesa dos caminhoneiros, ganhou projeção e se cacifou para a disputa eleitoral.

No Congresso, Janones também defendeu pautas de impacto popular. Esteve entre os parlamentares que apresentaram projetos de "corte na carne" no início da pandemia de coronavírus, para reduzir verbas destinadas à classe política e aplicá-las na rede pública de saúde. As iniciativas não saíram do papel.

Mais recentemente, o deputado se empenhou na aprovação da continuidade do pagamento do auxílio emergencial e na formulação do Auxílio Brasil, benefício que substituiu o Bolsa Família.

Metodologia da pesquisa do Ipec

A pesquisa eleitoral do Ipec, citada nesta reportagem, foi feita de 9 a 13 de dezembro e ouviu 2.002 pessoas em 144 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos para mais e para menos. O nível de confiança é de 95%.