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O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Zucco (PL-RS), informou nesta quarta-feira (23) que está mobilizando deputados para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o novo escândalo envolvendo a Previdência Social. São necessárias, no mínimo, 171 assinaturas para apresentar o pedido da CPI.
A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que apura um desvio de R$ 6,3 bilhões através de descontos associativos não autorizados de aposentados e pensionistas entre os anos de 2019 e 2024.
Durante a operação, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão, além de ordens de sequestro de bens que somam mais de R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária em 14 unidades da federação, incluindo o Distrito Federal. Até o momento, seis servidores públicos foram afastados de suas funções — entre eles, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que mais tarde pediu demissão do cargo.
O objetivo da CPI, segundo Zucco, será apurar as irregularidades e responsabilizar os envolvidos, tanto no âmbito administrativo quanto bancário e governamental.
Com a revelação do escândalo do INSS, Zucco alegou que milhares de beneficiários podem estar sofrendo descontos indevidos em seus pagamentos mensais, por parte de entidades que atuam sem autorização legal.
O deputado gaúcho disse que tomou conhecimento do caso de um jovem tetraplégico do Rio Grande do Sul, que procurou seu gabinete após identificar um débito mensal de R$ 61,49 vinculado a uma entidade chamada Associação ABCB — sem nunca ter autorizado o vínculo. Para o deputado, trata-se de uma prática sistemática e criminosa: “Não é apenas um golpe financeiro. É uma violência moral, um atentado contra a dignidade da pessoa humana”, afirmou.
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Omissão do governo diante das denúncias
Zucco ainda responsabilizou o governo pela omissão diante das denúncias: “O governo tem ciência desses descontos ilegais e não toma providência. Isso é prevaricação, isso é crime de responsabilidade.”
De acordo com o parlamentar, os descontos estariam sendo realizados por meio de supostos “clubes de benefícios” e sindicatos fantasmas que acessam indevidamente os dados dos segurados.“Quem autorizou essas entidades a acessarem a folha do INSS? Como conseguiram operar dentro do sistema bancário público com tanta facilidade?”, questionou.
Diantes das fraudes reveladas pela PF, o líder da oposição exigiu que o Ministério da Previdência e a Dataprev suspendam imediatamente todos os repasses às associações investigadas e prometeu medidas firmes no Congresso.
“Exigimos a suspensão imediata desses repasses sob pena de responsabilização solidária por conivência com as fraudes. O povo brasileiro está cansado de ser roubado em silêncio. Chegou a hora de darmos um basta", disse.