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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: Ricardo Stuckert/PT

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sinalizado para a Executiva Nacional do PT que o partido aceita abrir mão de candidaturas aos governos estaduais para facilitar a composição de alianças com outros partidos na eleição presidencial de 2022. A articulação é para garantir apoio e palanque para Lula e também para manter candidaturas próprias em estados que o PT já governa – como Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte.

Um dos estados em que o PT tende a abrir mão da disputa pelo governo é o Rio de Janeiro. Lula pretende apoiar o deputado Marcelo Freixo (PSol-RJ) em uma aliança que, além do PT, deve ser composta pelo PSB, MDB e PSD. Atualmente no PSol, Freixo deve migrar para o PSB, legenda com estrutura maior. E, nessa disputa, o deputado contaria ainda com o apoio do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que recentemente deixou o DEM para se filiar ao PSD.

Durante sua recente passagem por Brasília, Lula se reuniu com Freixo e Maia e sinalizou “a importância de derrotar Bolsonaro em seu reduto eleitoral”, em referência ao domicílio eleitoral do presidente Jair Bolsonaro. “Estamos dispostos a formar uma frente ampla, então não vamos impor candidatos do PT, necessariamente”, disse a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT.

Na contramão, o atual governador do Rio, Claudio Castro (PSC), que assumiu o posto definitivamente após o impeachment de Wilson Witzel, trabalha para ter o apoio dos bolsonaristas. Castro deve migrar para um partido da base do governo federal como PP, PL, PSL ou Republicanos.

O partido do ex-presidente Lula também deve abrir mão da disputa pelo governo de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. Apesar de ter a maior bancada na Assembleia Legislativa, com nove deputados estaduais, o PT tem se aproximado do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), apontado como favorito na disputa governo mineiro.

Reeleito prefeito ainda no primeiro turno nas eleições municipais de 2020, Kalil tem sido o principal articulador para que o PSD se afaste do governo Bolsonaro. O partido mantém quadros no governo federal, entre eles o ministro das Comunicações, Fábio Faria.

Boulos pode ser "escanteado" pelo PT em São Paulo

Lula também já sinalizou que o PT não deverá ter candidato ao governo de São Paulo e oficialmente pretende apoiar o nome de Guilherme Boulos (PSol). O líder do movimento sem-teto conseguiu chegar ao segundo turno na disputa pela prefeitura de São Paulo nas eleições do ano passado, mas acabou sendo derrotado pelo tucano Bruno Covas.

Apesar disso, Lula também tem conversado com Márcio França, do PSB, que atualmente vem liderando as pesquisas de intenções de voto ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin. Sem espaço dentro do PSDB, Alckmin passou a ser cortejado por partidos como o PSD. E uma composição de chapa com França de vice vem sendo estudada pelos líderes dos dois partidos.

Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, divulgado no começo deste mês, mostrou Alckmin com 19,9% das intenções de voto contra 15,4% de França. Ambos estão tecnicamente empatados, dentro da margem de erro de 2,5 pontos porcentuais para mais ou para menos.

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT), com 13,4%, aparece na terceira posição. No entanto, o petista já sinalizou que não pretende entrar na disputa para que o PT apoie Guilherme Boulos (PSol), que aparece com 11,4% das intenções de voto. “Defendo que a gente amplie a aliança em São Paulo seguindo a lógica nacional, porque a eleição presidencial é o que orienta”, admitiu Haddad ao jornal Valor Econômico.

Segundo integrantes do PT, uma eventual ida da chapa entre Alckmin e França ao segundo turno pode garantir a Lula um palanque no estado tendo em vista as demais alianças entre os petistas com o PSD e o PSB em outras regiões. Além disso, aliados de Lula afirmam que a estratégia diminuiria as chances do candidato indicado pelo atual governador João Doria avançar na disputa.

Trabalhando para ser candidato à presidência pelo PSDB, Doria pretende indicar o seu vice-governador, Rodrigo Garcia, como candidato. Garcia recentemente trocou o DEM pelo PSDB, o que deve acelerar as tratativas de desfiliação de Alckmin do ninho tucano. Atualmente o vice-governador de São Paulo aparece com 3,1% das intenções de voto. Aliados de Doria já sinalizaram que a candidatura de Garcia pelo PSDB é prioritária à de Alckmin.

Nordeste não ficou de fora das alianças do PT

Principal reduto eleitoral do PT, os estados do Nordeste também terão candidatos de outros partidos nas alianças que estão sendo articuladas por Lula. O principal exemplo é a aproximação entre o PSB e os petistas em Pernambuco.

Apesar da recente disputa pela prefeitura de Recife onde João Campos (PSB) derrotou sua prima Marília Arraes (PT), líderes dos dois partidos já se reaproximaram de olho em 2022. Integrantes do PSB vinham mantendo conversas com o também presidenciável Ciro Gomes (PDT), mas já admitem que uma aliança com Lula seria mais vantajosa devido à popularidade do petista na região.

“Sempre vai haver o diálogo. As portas seguem abertas e estamos preparados para diversas alianças”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

Em outros estados, como Ceará e Alagoas, o MDB deverá ser o protagonista das eleições estaduais, em alianças que garantam palanque para Lula. No Ceará, reduto eleitoral de Ciro Gomes, Lula tem se aproximado do ex-senador Eunício Oliveira na busca de um nome para a disputa ao governo. A articulação tem colocado o governador Camilo Santana (PT) em um “fogo-cruzado”, tendo em vista que ele conta com o apoio da família de Ciro Gomes em seu atual governo.

Em Alagoas, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem sido o principal articulador para que o MDB retorne ao grupo de apoio do ex-presidente Lula. O estado atualmente é governado pelo primogênito do senador, Renan Filho. Relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros tem mantido as tratativas nos bastidores para composição de alianças na região. Recentemente, em visita ao ex-presidente José Sarney, em Brasília, Lula recebeu a sinalização de que o MDB deve apoiar o petista em diversos estados, principalmente no Nordeste.

Na Paraíba, o PT passou a conversar com o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ex-ministro do governo de Dilma Rousseff. Nesse caso, a aliança ainda precisa passar por uma reconciliação envolvendo também o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que é próximo da cúpula nacional petista mas que está rompido com o PT paraibano e com o atual governador João Azevêdo (Cidadania), aliado local do PP.

Metodologia da pesquisa citada na reportagem

O Instituto Paraná Pesquisas ouviu 1.602 eleitores de 92 municípios do estado de São Paulo entre os entre os dias 28 de abril e 1.º de maio. A margem de erro da pesquisa é de 2,5 pontos percentuais para mais ou menos.

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