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João Azevêdo (PSB), governador da Paraíba e atual presidente do Consórcio Nordeste
João Azevêdo (PSB), governador da Paraíba e atual presidente do Consórcio Nordeste| Foto: Francisco França/Governo da Paraíba

O governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), presidente do Consórcio Nordeste, divulgou uma nota neste domingo (6) em que classifica como “preocupante” a defesa feita pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de um maior protagonismo político para os estados do Sul e Sudeste em contraposição aos do Norte e Nordeste.

Os governadores de Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo integram o Consórcio Sul-Sudeste (Cosud), atualmente presidido pelo paranaense Ratinho Júnior (PSD).

“Pela primeira vez, um dia antes da reforma tributária ser votada, nós convidamos todos os 256 deputados federais (metade da Câmara dos Deputados) do Sul e do Sudeste. Os do Norte e Nordeste estão muito na nossa frente”, disse Zema em entrevista publicada no sábado (5) no jornal O Estado de S.Paulo.

Na nota emitida neste domingo, Azevêdo afirma que o discurso do governador mineiro “indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, e que a entrevista aprofunda “a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”.

Segundo ele, a união regional dos estados do Norte e do Nordeste não representaria uma guerra contra os demais estados da federação, “mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”.

“Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades”, escreveu.

Para o governador paraibano, a união dos estados do Sul e Sudeste em um consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo “na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo”.

Confira a nota do presidente do Consórcio Nordeste na íntegra

NOTA OFICIAL

O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 05 de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento.

O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais.

Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de "O Brasil que cresce unido". Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual.

Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais.

É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento.

Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades.

A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo.

Assim, nós, governadoras e governadores da Região Nordeste, além de defendermos um Brasil cada vez mais forte e próspero, apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura.

Nordeste do Brasil, 06 de agosto de 2023.

JOÃO AZEVÊDO
Presidente do Consórcio Nordeste
Governador do Estado da Paraíba

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