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Prédio da PGR em Brasília
Sede da Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, com faixa dizendo “não” à corrupção, em 2015: agora é a própria Procuradoria que pode abrir brechas no combate a esse tipo de crime.| Foto: PGR/divulgação

A 5ª Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria-Geral da República (PGR), especializada no combate à corrupção, pediu em ofício ao chefe do Ministério Público Federal, Augusto Aras, que as forças-tarefas do MPF tenham suas atividades mantidas por no mínimo mais seis meses com os mesmos recursos humanos e materiais hoje disponíveis. As forças-tarefas estão na mira de Aras e podem ser substituídas por uma subdivisão do MPF centralizada na direção central da instituição, denominada Unidade Nacional de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Unac).

No pedido, os procuradores citam que as forças-tarefas têm "indubitável contribuição histórica e contemporânea" no combate ao desvio de recursos públicos e que foram decisivas para experiências bem-sucedidas em casos como Banestado, Greenfield, Postalis e também a operação Lava Jato, o principal escândalo de corrupção da história do Brasil.

O documento foi entregue a Aras na terça-feira (28) e é assinado pelos subprocuradores Maria Iraneide Olinda Santoro Facchini, Antônio Carlos Fonseca da Silva e José Adonis Callou de Araújo Sá, e pelos procuradores Januário Paludo, Cláudio Dutra Fontella e Uendel Domingues Ugatti.

Eles requerem também que Aras permita que as forças-tarefa façam um projeto de transição à Unac, "com cronograma de término dos trabalhos e absorção do acervo das forças tarefas, nos moldes preconizados pela Corregedoria do Ministério Público Federal".

A ideia da Unac estabelece a centralização das investigações em Brasília, com o coordenador da Unac escolhido pelo próprio procurador-geral da República. O projeto está sob análise do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP).

Lava Jato sofre cerco da PGR que pode resultar no fim das forças-tarefas

O pedido dos procuradores foi apresentado no mesmo dia em que Aras fez pesadas críticas à Lava Jato, em uma transmissão ao vivo pela internet com advogados.

No encontro, o procurador-geral chamou a Lava Jato de "caixa de segredos" e destacou: "é hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure". Ele também declarou que a Lava Jato tem mais informações do que todo o restante do MPF. Seriam 38 mil pessoas sob investigação e mais de 50 mil documentos em posse da força-tarefa.

A gestão dos documentos da Lava Jato motivou, no mês passado, um episódio de tensão entre Aras e os procuradores envolvidos na operação. A subprocuradora Lindora Araújo, número 2 de Aras, foi a Curitiba e tentou ter acesso a arquivos pertencentes à Lava Jato. O ato foi visto como uma "manobra ilegal" pela força-tarefa.

As declarações recentes de Aras motivaram reação do ex-ministro Sergio Moro, que ganhou notoriedade como juiz da Lava Jato. Ele disse em suas redes sociais, que desconhece "segredos ilícitos" na operação. Já os procuradores de Curitiba chamaram a fala de Aras de "ilação" e destacaram que os documentos que utilizam nas investigações podem ser requeridos pelo MPF. Eles também negaram que estão investigando 38 mil pessoas.

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