Senadora Tereza Cristina (PP-MS), senador Jorge Seif (PL-SC) e senador Marcio Bittar (União-AC) durante sessão da CRA que discutiu marco temporal| Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Ouça este conteúdo

Um eventual novo pedido de vistas no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o marco temporal de terras indígenas, que será retomado nesta quarta-feira (3), pode dar mais tranquilidade à tramitação do projeto de lei sobre o mesmo tema, já aprovado pela Câmara dos Deputados e em análise no Senado.

CARREGANDO :)

Analistas avaliam que um novo adiamento do julgamento pode vir do ministro Cristiano Zanin, ou mesmo do ministro André Mendonça, que já havia pedido vista do processo, mas pode fazê-lo novamente para reexame. Se o julgamento for suspenso novamente, o Senado pode ter tempo para votar o PL antes de uma decisão final da Suprema Corte.

Se o STF finalizar o julgamento antes da aprovação do PL, pode surgir um novo imbróglio. “Podemos ter uma situação muito difícil para o país. Eventualmente, podemos ter uma decisão do Supremo contra o marco temporal e o Senado fazendo uma questão favorável. Isso pode gerar um imbróglio jurídico. Com as decisões conflitantes, haverá uma nova demanda ao STF, com Ações Diretas de Inconstitucionalidade”, pontuou o advogado especialista em questões indígenas, Ubiratan Maia em entrevista para o canal Agro Mais.

Publicidade

Até agora, o projeto que cria um marco temporal para a demarcação de terras indígenas foi aprovado na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo plenário do Senado. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), descartou, por ora, que o projeto tenha que passar pela Comissão de Direitos Humanos (CDH), como pediu o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

"A princípio, [o projeto vai para as Comissões de] Agricultura e Constituição e Justiça. É um tema muito típico da CCJ, e espero que ela possa entregar o melhor texto possível em relação a esse tema. A deliberação feita pela Secretaria Geral da Mesa foi para essas duas comissões e o Plenário. Para passar em outra comissão, é preciso que haja uma maioria com esse entendimento. Podemos considerar, mas evidentemente que esse é um exercício de maioria", afirmou Pacheco.

Bancada do agro conta com "coerência" do STF

A senadora Tereza Cristina (PP-MS) avalia que o "Senado irá se esforçar para votar, em plenário, o Marco Temporal antes que o STF conclua o julgamento". A votação no Senado ainda não tem data para acontecer. No STF, o placar do julgamento já conta com dois votos contra o marco temporal e 1 a favor.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que apoia a tese do marco temporal para definir a data da promulgação da Constituição Federal (5/10/1988) limite para a definição da ocupação tradicional da terra por indígenas, diz que conta com a coerência do STF no julgamento.

“A FPA conta com a coerência do Supremo no que diz respeito à aplicação de sua própria decisão de cumprimento das 19 condicionantes para demarcação de terras indígenas, garantindo a segurança jurídica brasileira e o direito de propriedade de cada cidadão deste País”, disse em nota, por meio da sua assessoria de imprensa.

Publicidade