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Movimentos de esquerda protestam contra o governo Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro: direita planeja promover manifestação própria.
Protestos de movimentos de esquerda contra o governo Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, no dia 5 de julho.| Foto: André Coelho/EFE

Partidos e movimentos de esquerda se organizam para fazer frente às manifestações de apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro em 7 de setembro. A Campanha Nacional Fora Bolsonaro está convocando protestos em várias cidades do país para o Dia da Independência, com pautas que pedem desde o impeachment de Bolsonaro até a elevação do auxílio emergencial para R$ 600.

A organização da campanha informou que há protestos marcados para cerca de 80 cidades no Brasil. A maior concentração deve ocorrer em São Paulo, no Vale do Anhangabaú.

Quem está convocando a manifestação

Partidos políticos - Dentre os partidos de esquerda, PT, Psol, PSTU, PCB, Unidade Popular (UP) e PCO estão convocando seus seguidores para os atos contra o presidente. Já o PCdoB e PDT não estão se divulgando os protestos em suas redes sociais oficiais. Os organizadores explicaram à Gazeta do Povo que a adesão desses partidos varia de acordo com a cidade. Em São Paulo, por exemplo, o PCdoB está ativo na coordenação do ato.

Frente Brasil Popular – movimento composto por cerca de 80 organizações, dentre sindicatos, movimentos sociais sociais e partidos. Fazem parte, por exemplo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e partidos políticos de esquerda, como o PT.

A frente surgiu em 2015, para se posicionar contra o impeachment de Dilma Rousseff e contra as políticas de ajuste fiscal que vinham sendo impulsionadas pelo então ministro da Economia, Joaquim Levy. No manifesto de criação, o grupo também defendeu a reforma do judiciário, a desmilitarização das polícias militares, a reforma agrária e a “democratização dos meios de comunicação de massa” para que “o povo tenha acesso a uma informação plural”, entre outras iniciativas.

Frente Povo Sem Medo - A Frente Povo Sem Medo também surgiu durante o processo de impeachment de Dilma, reunindo movimentos sociais, estudantis, anticapitalistas e sindicais. As pautas que deram origem ao grupo são bastante semelhantes às da Frente Brasil Popular: enfrentamento às políticas de austeridade, enfrentamento ao conservadorismo, reformas populares e taxação dos ricos.

A diferença, segundo explicou o presidente da CUT na época, Douglas Izzo, é que a Frente Povo Sem Medo é “exclusiva de movimentos sociais”, enquanto a Frente Brasil Popular tem participação de partidos políticos. Na época, a Frente Povo Sem Medo era feroz crítica das políticas econômicas do governo, enquanto sua "irmã" tinha como prioridade denunciar o impeachment contra Dilma como um “golpe”. Um dos principais nomes da Frente Povo Sem Medo é o do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

Campanha Nacional Fora Bolsonaro - é um esforço desses grupos de esquerda para coordenar os protestos contra o governo de Jair Bolsonaro. Foram eles que estiveram à frente da organização das últimas mobilizações nacionais contra o presidente, que ocorreram em 29 de maio, 19 de junho e 24 de julho.

Há mais de 100 organizações sociais e partidos de esquerda envolvidos, diz o coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, integrante da campanha. Entre essas organizações estão: Coalizão Negra por Direitos, União Nacional dos Estudantes (UNE), a CMP e a Uneafro Brasil.

A Articulação Povo na Rua - criada há poucos meses, também promove atos contra Bolsonaro. Em suas redes sociais, o grupo, que considera o presidente um “neofascista”, está anunciando os horários do começo das manifestações em várias capitais.

Protestos contra Bolsonaro se somam ao Grito dos Excluídos

A Campanha Fora Bolsonaro vai se somar ao 27.º Grito dos Excluídos, promovido anualmente em 7 de setembro pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e por outras organizações sociais. O tema deste ano será  “Vida em Primeiro lugar: Na luta por participação popular, saúde, comida, moradia, trabalho e renda já!".

"O Grito dos Excluídos acontece há 21 anos no 7 de setembro, com pautas variadas. Neste, é por renda, comida, trabalho, moradia. É dever da oposição, dos democratas, estarem na rua ao lado do povo neste momento de dificuldade e deixar claro pelo que lutamos", tuitou Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente do PT.

Quais são as pautas da esquerda

São seis as principais reivindicações dos grupos de esquerda que vão às ruas no 7 de setembro:

  • Impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
  • Auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia.
  • Apoio ao trabalho da CPI da Covid.
  • Combate ao aumento da inflação e da fome.
  • Oposição às privatizações e à PEC da reforma administrativa, defendidas pelo governo Bolsonaro.
  • Soberania das instituições.

Como será o protesto contra Bolsonaro em São Paulo

Em São Paulo, o ato está marcado para as 14h de 7 de setembro, no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade. Inicialmente, a Campanha Fora Bolsonaro previa a realização do protesto na Avenida Paulista, mas o local já havia sido liberado para manifestação de apoiadores do presidente.

Na semana passada, o governador de São Paulo, João Doria, vetou a realização do evento da esquerda por questões de segurança, para evitar confronto entre os grupos contra e a favor do governo. Contudo, após petição de organizações sindicais, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o governador do PSDB não pode proibir os atos contra Bolsonaro em 7 de setembro, desde que eles ocorram em locais distintos dos das manifestações pró-governo.

Segundo Ana Moraes, da diretoria do MST, o 7 de setembro foi a data escolhida para mobilizações contra o governo Bolsonaro devido à realização do Grito dos Excluídos – tradicionalmente realizado nesse data.

Sobre as preocupações quanto à segurança, a Campanha Nacional Fora Bolsonaro informou ter sugerido aos coordenadores dos atos que organizassem "brigadas de segurança para identificar problemas e possíveis infiltrados".

"É preciso estar nas ruas, fazer valer a maioria social. Sem cair em provocações, sem estimular o conflito, que só a eles [apoiadores de Bolsonaro] interessa, mas sem deixar nos intimidar pelas ameaças de violência", afirmou Guilherme Boulos, ao convocar seus seguidores para as manifestações contra o governo.

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