O presidente da comissão especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PR-AM). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nomeado presidente da Comissão Especial que analisará o mérito da proposta de reforma da Previdência na Câmara, o deputado Marcelo Ramos (PR-AM) começou a carreira política no PCdoB. Hoje, porém, ele se define como "liberal de centro". "Fiz uma releitura ideológica. Hoje, sou um político de centro. Do ponto de vista econômico, sou um liberal", diz.

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Aos 45 anos, Ramos iniciou sua militância em 1991 no grêmio da escola e logo chamou a atenção da União da Juventude Socialista, braço do PCdoB. Ao lado do ex-senador Lindbergh Farias, ele ajudou a reorganizar a entidade.

Ramos foi eleito vereador pelo PCdoB em Manaus em 2000. Depois migrou para o PSB e, a pedido de Eduardo Campos e Marina Silva, disputou o governo do Amazonas em 2014, chegando ao segundo turno.

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Hoje está no PR, partido pelo qual disputou a prefeitura novamente em 2016, sendo derrotado no segundo turno pelo tucano Arthur Virgílio.

Favorável à reforma, mas com 'alguns ajustes'

No plenário da Câmara, Marcelo Ramos já fez críticas ao projeto de reforma da Previdência enviado pelo Palácio do Planalto. "Não é verdade esse discurso que a reforma é só para combater privilégios. A essência dela é fazer ajuste fiscal. A proposta precisa ser calibrada", afirmou.

Agora, diz ter consciência da necessidade de reformar o sistema previdenciário. Vê, porém, a necessidade de "alguns ajustes". "Não podemos fazer um ajuste fiscal exigindo este sacrifício do trabalhador rural, dos mais pobres que recebem o BPC", disse Ramos. "Da mesma maneira, não me parece correto com os professores deste país a mudança abrupta que está sendo colocada. É preciso calibrar melhor as regras de transição deste grupo."

O presidente da Comissão Especial afirma ainda que pretende aprofundar o debate sobre a proposta de mudança de regime, da repartição para a capitalização. "É um tema que não está claro nem aos deputados e nem à população brasileira", declarou.

Outro ponto criticado por Ramos é a reforma da Previdência nos Estados. "Os governadores têm que assumir a sua parcela de responsabilidade. É delicado impor a reforma aos Estados se os entes federados estão em situações muito diferentes entre si", disse. "A reforma não pode ter aplicação imediata sobre os regimes próprios dos servidores estaduais." E acrescentou: "A reforma da Previdência dos Estados tem que ser feita pelos Estados."

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Ramos ressaltou que tais posições eram pessoais e não vão interferir na condução de seu trabalho na Comissão Especial. "Esta posição sobre a reforma dos Estados, repito, é pessoal. Todos sabem que sou favorável e entendo a reforma da Previdência como necessária."

'Nosso esforço é para votar reforma o mais rápido possível', diz

Segundo ele, a comissão trabalhará para permitir que a pauta seja apreciada pelo plenário da Câmara "o mais rápido possível", afirmou Ramos, em entrevista à Rádio Eldorado. Ele afirmou que ainda não teve tempo para definir como se darão os trabalhos. "Na terça-feira, me reunirei com o relator da proposta Samuel Moreira, PSDB-SP e com líderes partidários", disse.

"Todos querem saber sobre os prazos da Comissão. Como recebi este gesto de confiança do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, trabalho com os prazos que ele determina", afirmou Ramos, lembrando que Maia já sinalizou que espera a aprovação da Comissão Especial até julho. "Meu papel é criar as condições para que a reforma seja votada", afirmou o deputado.

'Se Bolsonaro falar menos ajudará bastante'

As sinalizações mistas do governo federal sobre a reforma da Previdência, que já teve o próprio presidente Jair Bolsonaro "desidratando" a proposta de antemão, não ajudam a garantir uma economia relevante com a reforma, avalia o presidente da Comissão Especial.

"Cada vez que Bolsonaro fala sobre a reforma, ele retira alguma coisa", disse Ramos à Rádio Eldorado, lembrando que no mesmo dia em que o Ministério da Economia apresentou um novo cálculo sobre o impacto fiscal da proposta, passando de R$ 1 trilhão para R$ 1,14 trilhão de economia em dez anos, Bolsonaro reconheceu que a proposta pode ser desidratada e a economia pode ficar em torno de R$ 800 bilhões. "Isso não ajuda em nada, vai contra o trabalho da própria equipe econômica."

Para Ramos, com exceção do Ministério da Economia, que "tem uma visão clara de projetos e propostas para o Brasil", o governo federal não tem planos concretos. "Se Bolsonaro falar menos sobre a reforma até ela ser aprovada, vai ajudar bastante", comentou o deputado.

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