Randolfe Rodrigues é vice-presidente da CPI da Covid.| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), chamou as denúncias apresentadas nesta sexta-feira (25) pelos irmãos Miranda de os fatos "mais graves da história republicana". "Os dois impeachments [Fernando Collor, 1992, e Dilma Rousseff, 2016] somados não dão um terço do que tivemos hoje", afirmou. Segundo Randolfe, com os depoimentos a CPI passou a ter "elementos de um crime cometido por [Jair] Bolsonaro". "Ele recebeu informações e não tomou providências", disse ele, o que configuraria o crime de prevaricação.

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O deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor público Luís Ricardo Miranda, detalharam na CPI as acusações de um suposto esquema de corrupção no Ministério da Saúde, que é onde Luís Ricardo trabalha. Segundo eles, pessoas do alto escalão do Ministério estariam fazendo pressão sobre Luís Ricardo para que a pasta providenciasse a aprovação da vacina Covaxin. O imunizante, que combate à Covid-19, é o mais caro de todos os que o governo brasileiro negociou durante a pandemia.

Além disso, o contrato feito pelo Brasil para a aquisição da vacina e o único que contém um intermediário, e não foi elaborado diretamente entre o governo federal e a farmacêutica. A intermediária em questão é a empresa Precisa, cujo proprietário, Francisco Maximiano, falará à CPI na próxima semana.

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Miranda passou aos deputados detalhes de um encontro que teve com Bolsonaro para falar sobre o tema em 20 de março. Na ocasião, segundo ele, o presidente teria dito que o responsável pelo esquema seria o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), o atual líder do governo na Câmara.

A citação de Miranda mobilizou os deputados, que passaram a questionar, entre outras coisas, o fato de Bolsonaro ter mantido Barros no cargo de líder mesmo após tomar conhecimento do envolvimento dele em um suposto esquema de corrupção.

Randolfe fez as declarações durante entrevista coletiva após a reunião da CPI desta sexta. Ele falou ao lado do presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), do relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), e da senadora Eliziane Gama (Cidadania-SE).

"Nova fase" da CPI

O relator Calheiros afirmou que as revelações desta sexta indicam o estabelecimento de uma "nova fase" para a comissão. "Com a vinda dos Miranda, tivemos um grande dia. Hoje começa uma nova fase. Avançamos naquelas teses do plano de trabalho [inicial da CPI] e entramos para valer na coisa do desvio de dinheiro público", disse.

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Randolfe também mencionou que a comissão foi a uma nova etapa. Ele disse que o colegiado já havia descoberto informações sobre o que chamou de negacionismo por parte do governo federal e também sobre o suposto "gabinete paralelo", estrutura informal que passaria orientações a Bolsonaro sobre o coronavírus que contrariariam as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Mas nós não tínhamos a informação de que tudo isso era por dinheiro, que tinha como alicerce a corrupção", declarou.

O senador chamou o quadro de "evidências de um crime gravíssimo" e recordou o fato de que Bolsonaro pediu, exatamente nesta sexta, que a Polícia Federal entre no caso e investigue as denúncias.

Próximos passos

A repercussão do depoimento desta sexta deve modificar a rota de prioridades da CPI. É possível que a comissão reveja sua agenda para a próxima semana. A comissão já tem confirmados depoimentos para segunda (29) e terça-feira (30), e em ambos os casos os convidados não têm conexão com os temas abordados hoje.

O convidado da segunda é o deputado estadual Fausto Junior (MDB-AM), que deve falar sobre a crise vivida no seu estado no início do ano e também sobre denúncias de corrupção no Amazonas. Já na terça, o convidado é o empresário Carlos Wizard Martins. A conversa com ele deve girar em torno do "gabinete paralelo", já que Wizard é apontado como um dos principais líderes do movimento.

Mas a questão do aconselhamento informal recebido por Marcos Rogério deve permanecer em vigor. Aziz declarou que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) sugeriu a realização de uma acareação entre o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e alguns de seus antigos colaboradores na pasta. Segundo o presidente da CPI, a medida traria mais esclarecimentos sobre processos como a negociação para a compra da Covaxin.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]