A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), dedicou parte de seu parecer para rebater a suspeita de omissão do ministro da Justiça, Flávio Dino, seu aliado político. Para justificar o não-acionamento da Força Nacional por ele em tempo de impedir as invasões dos prédios da Praça dos Três Poderes, ela direcionou a responsabilidade da inação ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
A oposição contesta a obrigatoriedade do pedido do chefe do Executivo local para o emprego da corporação, com base em situações anteriores semelhantes. Como agravante, os parlamentares oposicionistas lembram que 240 homens estavam a postos na sede do Ministério da Justiça, além do fato de envolver o interior de edifícios da Administração Federal.
A relatora registrou que Dino teria em sua defesa a edição de uma portaria no dia 7 de janeiro autorizando o emprego da Força Nacional na Esplanada dos Ministérios, até a segunda- feira, dia 9, “para auxiliar na proteção da ordem pública e do patrimônio público e privado”. Ela também reproduz o ofício encaminhado à CPMI pelo ministro para insistir que o emprego dos batalhões chefiados por sua pasta dependiam de autorização do Governo do Distrito Federal.
Dino alegou que decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2020 exigia a anuência do governador para a atuação da Força, o que só foi dada por Ibaneis às 17h29 do dia 8 de janeiro, quando os manifestantes já haviam invadido e depredado as sedes do Legislativo, do Executivo e do Judiciário.
“O emprego da Força Nacional parecia ser motivo de controvérsia na corporação da Polícia Militar do Distrito Federal. No próprio dia 7, o major Flávio Silvestre de Alencar, designado para comandar as tropas em campo durante as manifestações programadas para o dia seguinte, declarou expressamente que não permitiria a atuação da Força Nacional”, disse Eliziane.
A senadora admite que havia efetivo suficiente, mas ressaltou o papel de omisso para o governador distrital e para os comandantes da Polícia Militar, que teriam manifestado resistência em atuar junto com a Força Nacional.
A oposição contesta essas informações, que serão confrontadas nos relatórios paralelos apresentados ainda nesta terça. Seus membros pontuam a situação de absoluta inércia dos grupamentos e do próprio ministro a partir do Palácio da Justiça, de onde assistiam os atos violentos sem qualquer reação.
- Relatora da CPMI pede indiciamento de Bolsonaro, militares e políticos ligados ao ex-presidente
- CPMI do 8/1 termina sem votar mais de mil requerimentos de depoimentos e dados
- Sem prova cabal para associar Bolsonaro a golpe, relatora da CPMI do 8/1 devolve tarefa ao STF
- “Fomos encurralados”, diz cuidadora de idosos presa no 8/1 enquanto orava no Planalto
Ex-desembargador afirma que Brasil pode “se transformar num narcoestado”
Contra “sentença” de precariedade, estados do Sul buscam protagonismo em negociação sobre ferrovia
Câmara de São Paulo aprova privatização da Sabesp com apoio da base aliada de Nunes
Lula afaga o MST e agro reage no Congresso; ouça o podcast
Deixe sua opinião