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Alexandre Ramagem
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi alvo de uma operação da PF que investiga o monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas| Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Depois de ter acesso à decisão judicial que autorizou a operação da Polícia Federal (PF) contra ele e agentes da própria PF, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) disse que a investigação é baseada em uma “salada de narrativas sem um conjunto probatório a levar a uma perseguição e um assassinato de reputação”.

A declaração foi dada durante entrevistas concedidas à GloboNews e à CNN Brasil, nesta quinta-feira (25).

Ramagem, que é ex-delegado da PF e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e agentes da PF são alvos de uma operação deflagrada na manhã desta quinta (25) contra um grupo que, segundo as investigações, atuava dentro da Abin para monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.

A operação Vigilância Aproximada é um desdobramento da ação Última Milha, desencadeada em outubro do ano passado para apurar o uso de ferramentas de geolocalização de celulares e tablets para monitorar políticos, juízes, entre outras pessoas, sem autorização judicial.

O gabinete de Ramagem na Câmara dos Deputados e o apartamento funcional dele foram alvos de buscas da PF.

“ Eu vejo que há uma salada de narrativas sem um conjunto probatório a levar a uma perseguição e a um assassinato de reputação que, está parecendo, iludiu o Ministério Público e o Judiciário. Essa alegação, essa falácia ou narrativa de utilização de um ministro do Supremo com PCC, me parece inclusive que é uma coisa antiga, foi trabalhada antigamente, não sei se foi elucidada”, disse Ramagem à CNN Brasil ao destacar que ele foi o responsável por pedir uma auditoria sobre o suposto uso incorreto da ferramenta de espionagem que ele é acusado de ter usado para monitorar autoridades.

O artefato cibernético First Mile é capaz de monitorar em tempo real a localização de celulares e tablets conectados à internet. Ele não consegue ter acesso às comunicações, mas por sua localização é possível ter ideia dos lugares onde e quando o dono do aparelho esteve. Isso acontece sem que o dono do aparelho permita ou saiba que está sendo monitorado.

Segundo apurado pela Polícia Federal, as movimentações geoespaciais de mais de 30 mil telefones celulares teriam sido analisadas pelos técnicos da Abin com o uso do software israelense First Mile. Dessas, cerca de 1,8 mil estariam relacionadas a aparelhos pertencentes a políticos, jornalistas e adversários do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A investigação decorreu de um ofício encaminhado pela Data Privacy, uma associação brasileira que pesquisa cibersegurança e proteção de dados pessoais, à Procuradoria Geral da República (PGR) em março de 2023, solicitando investigações sobre o uso da tecnologia. À época, a Abin afirmou que o First Mile tinha deixado de ser utilizado em maio de 2021.

Ramagem não foi alvo da operação da Polícia Federal em outubro passado, quando confirmou que, ao assumir a presidência da Abin em 2019, havia solicitado uma auditoria formal em todos os contratos - o uso do First Mile foi contratado em 2018, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), de uma empresa israelense de inteligência. Ainda não está claro o motivo de seu nome ter sido colocado entre os alvos da investigação agora.

Na entrevista concedida à GloboNews, Ramagem também reclamou do modo como a operação foi executada.

“Como de praxe, só veio um mandado explicando a busca, não explicando decisão judicial, representação, nada. E mais do que isso, após efetuadas todas as buscas na minha residência, quando eu perguntei ao delegado e à escrivã que estava ao lado: Vamos ao interrogatório? Não, não havia intimação para o meu interrogatório. O que foi feito hoje, além de eu não ter acesso aos autos, não quiseram ter a minha oitiva. Foi anunciado que eu teria uma oitiva, mas eu não fui intimado, onde eu saberia o que está sendo imputado a mim e não pela imprensa”, disse o deputado.

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