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A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, durante evento em Brasília em dezembro de 2023
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, durante evento em Brasília em dezembro de 2023| Foto: Mré Gavião/Ministério dos Povos Indígenas

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, admitiu dificuldade do governo Lula em combater garimpeiros ilegais na Terra Indígenas Yanomami até o momento. De acordo com a ministra, uma mudança de estratégia na rotina dos garimpeiros atrapalhou o trabalho de fiscalização do governo.

Segundo Guajajara, o problema poderá ser resolvido a partir da injeção de R$ 1,2 bilhão em recursos destinados recentemente aos Ministérios.

“Durante os primeiros oito meses do ano passado, conseguimos retirar 82% dos garimpeiros. Eles sentiram uma brecha, e parte retornou. Houve um período em que a gente tinha zerado os pontos de alerta de garimpo, mas depois o Ibama viu que tinham novos. Intensificamos as ações para retirar e evitar o retorno. Não há um dado preciso, mas a gente supõe que sejam 2 mil (garimpeiros). Antes, eram 20 mil. E eles adotaram uma nova rotina”, afirmou a ministra em entrevista concedida ao jornal O Globo, nesta quarta-feira (27).

A nova rotina dos garimpeiros descrita pela ministra inclui trabalho noturno e mudança nas cores das barracas. Guajajara também disse que, na verdade, não se trata mais de garimpeiros invadindo as terras indígenas, mas do crime organizado.

“Sabemos as regiões para onde eles voltaram e como as aeronaves operam. Agora, elas não saem de Boa Vista, mas a partir da Venezuela, o que é uma dificuldade. Já houve conversa diplomática dizendo que eles precisam colaborar e existem tratativas para essa operação conjunta”, afirmou a ministra.

Guajajara também disse que o governo dará continuidade ao que vinha fazendo no ano passado, porém, com nova estratégia e novos recursos.

“Além da Casa de Governo instalada em Boa Vista, vamos construir também as bases interagências, para as equipes trabalharem de forma conjunta dentro do território e fazer a fiscalização, a retirada dos garimpeiros e evitar o retorno. Foi destinado R$ 1,2 bilhão aos ministérios com atuação direta no território. Acreditamos que vamos resolver a partir deste novo planejamento, mas talvez ainda não no curto prazo. É um problema crônico”, disse.

Questionada sobre o motivo de o governo não ter conseguido resolver o problema no ano passado, Guajajara disse que o Ministério não tem “varinha de condão” para “resolver todos os problemas históricos dos povos indígenas”.

“Temos muitos avanços em um ano. As críticas são normais, mas nunca acreditei que em um ano a gente pudesse resolver todo o histórico de problemas. Semana passada é que foi assinada a medida provisória para garantir a permanência das equipes lá: as forças de segurança com o Ibama e a Funai presentes, e a construção de bases para essas equipes”, completou.

Sobre o relacionamento com o Congresso, tensionado durante a aprovação do marco temporal em resposta ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), Guajajara disse que conversou com os parlamentares para evitar a aprovação da proposta, mas não conseguiu reverter o quadro.

A ministra também disse esperar o acirramento das relações com o Congresso em 2024 por conta das demarcações de terras e ações de desintrusão previstas pelo governo.

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