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O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta quinta (7) que vê que a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos não afetará os negócios do país com o Brasil. Ele ocupou a presidência durante dois anos da primeira gestão de Trump, e acredita que a diferença ideológica com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não criará dificuldade na relação.
“A relação que haverá não será Lula com Trump. É o presidente da República Federativa do Brasil com o presidente dos Estados Unidos, uma relação institucional”, pontuou em entrevista à Folha de S. Paulo.
Temer diz que tem ouvido muitas perguntas em relação a isso, de que o apoio de Lula a Kamala Harris ou o fato de ser da esquerda poderia ser prejudicial nas relações comerciais entre os dois países.
No entanto, Temer vê que isso “não prejudica coisa nenhuma” e que haverá uma relação futura baseada no pragmatismo. Ou seja, em questões institucionais sem levar em consideração a diferença ideológica como motivo de eventual discórdia.
“Basta que o governo brasileiro tenha previdência, e o presidente Lula já mandou cumprimentar o Trump. Não se deve alimentar nem um lado nem outro, como aquilo que o Lula disse antes da eleição, que preferia a Kamala [Harris, candidata democrata], acho que não vale a pena”, afirmou.
O ex-presidente também minimizou a possibilidade de que as medidas mais duras para a economia prometidas por Trump durante a campanha realmente impactarão nos negócios. No entanto, ressalta que “é o tempo que vai dizer”.
“Pode haver impactos caso haja uma redução de importações e, ainda assim, no plano institucional, de Estado para Estado”, pontuou. Temer foi presidente do Brasil entre 2016 e 2018, primeiros anos do governo Trump, e diz ter mantido uma relação institucional com o americano.
Ele também negou que a volta do republicano à presidência dos Estados Unidos influencie de alguma forma o Judiciário brasileiro sobre as condenações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Isso é algo que a direita brasileira tem esperança de conseguir, mas que não deve ocorrer na visão de Temer.
“Eu não acho que isso vá acontecer. Pode eventualmente ser usado como argumento, mas não no campo jurisdicional. Se ele se tornar elegível, será por uma eventual disposição do Judiciário”, disse.
E emendou afirmando que “veja o que o Alexandre [de Moraes, ministro do STF] fez no caso do Elon Musk [empresário dono do X]. Por mais pressões variadas que existissem, a posição dele foi firme”.