Primeira dama Janja da Silva observa cumprimento entre o ditador russo, Vladimir Putin, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: Ricardo Stuckert/PR
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A viagem da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, à Rússia no início de maio de 2025, seis dias antes da chegada da comitiva oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornou-se alvo de questionamentos formais no Congresso Nacional. Ao menos quatro requerimentos de informação foram apresentados por deputados da oposição na Câmara, direcionados ao ministro da Casa Civil, Rui Costa.

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Janja embarcou para Moscou no dia 2, utilizando uma aeronave modelo KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB) - equivalente ao Airbus 330, com capacidade para 230 passageiros.

Segundo informações oficiais, a agenda da primeira-dama na Rússia incluía atividades nas áreas social, educacional e cultural, como encontros com a comunidade brasileira em Moscou e São Petersburgo, visitas a universidades e instituições culturais, além da participação em um evento sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

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A primeira-dama também visitou pontos turísticos como o Teatro Bolshoi, o Museu Hermitage e a Catedral do Sangue Derramado, a convite do governo russo.

Analistas apontam que estas atividades ocorrem em um momento estratégico para o Kremlin, que busca ampliar sua influência cultural em países da África e da América Latina através de ações de "soft power" - estratégia que visa angariar apoio político internacional, inclusive para a invasão da Ucrânia. Parte das instituições visitadas por Janja restringem a liberdade de expressão e punem críticos do governo russo.

Parlamantares questionam se viagem de Janja era necessária

Os parlamentares da oposição expressam preocupações de ordem institucional, diplomática e financeira com a viagem antecipada. Questionam especialmente a economicidade do deslocamento, considerando que Janja não possui cargo formal no governo.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo citada nos requerimentos, os gastos da primeira-dama com viagens já ultrapassaram R$ 1,2 milhão desde 2023, gerando despesas consideráveis ao Tesouro Nacional.

Deputados como Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Evair Vieira de Melo (PP-ES), Capitão Alberto Neto (PL-AM) e Adriana Ventura (NOVO-SP) assinam os documentos, fundamentando seus pedidos no dever constitucional do Legislativo de fiscalizar os atos do Executivo. Outras questões apresentadas são:

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  • Justificativas para a antecipação da viagem e como isso se alinha aos princípios da administração pública
  • Custo total da viagem, incluindo transporte, diárias e hospedagem
  • Fonte orçamentária utilizada para cobrir as despesas
  • Critérios para determinar a participação de Janja em agendas autônomas
  • Medidas adotadas para assegurar transparência e fiscalização dos gastos

O requerimento da deputada Adriana Ventura cita a Orientação Normativa AGU 94/2025, que reconhece a atuação do cônjuge do presidente em missões de representação pública como função simbólica vinculada ao interesse público. No entanto, essa atuação está condicionada à observância dos princípios da Administração Pública, como legitimidade, transparência e economicidade.

Os deputados questionam se a viagem de Janja à Rússia, separada da comitiva presidencial, seguiu esses parâmetros. A oposição argumenta que a ausência de cargo público formal e a recorrência de deslocamentos onerosos ao erário exigem que o Parlamento apure a legalidade e finalidade dessas despesas, especialmente em um contexto de contenção fiscal.

Primeira-dama diz que foco da agenda era social, educacional e cultural

A assessoria da primeira-dama justificou a ida antecipada como parte da comitiva brasileira, com agenda focada em temas sociais, educacionais e culturais. Afirmou também que Janja acompanharia posteriormente a agenda oficial do presidente e a Cerimônia do Dia da Vitória, que marca a vitória do exército soviético contra a Alemanha Nazista, há 80 anos. Quanto às visitas turísticas, foram explicadas como convites do governo russo para conhecer "locais de importância histórica e cultural".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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