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Retórica bolsonarista contra imprensa joga lenha na fogueira autoritária
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Aumentou em 54% o número de ataques a jornalistas e veículos de comunicação no Brasil em 2019. O levantamento consta de um relatório apresentado nesta quinta-feira pela Federação Nacional dos Jornalistas. Em 2019 foram 208 ataques, contra 135 em 2018. Do total de casos, 114 foram de ataques à credibilidade da imprensa — e 94 foram agressões diretas a profissionais.

Nesta quinta-feira (16), durante evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro voltou a fazer críticas à imprensa. “A essa imprensa: não tomarei nenhuma medida para censurá-los, mas tomem vergonha na cara. Deixem nosso governo em paz para poder levar paz, tranquilidade e harmonia ao nosso povo.”

Sempre foi perigoso ser jornalista no Brasil, especialmente em locais afastados dos grandes centros urbanos, onde os inimigos da liberdade não recebem os holofotes da mídia nacional.

Além disso, nenhum governo gosta de imprensa livre, do trabalho jornalístico, que lança luz sobre fatos incômodos que os poderosos adorariam manter à sombra, na penúria ou mesmo na completa escuridão.

Todo populista, inclusive o nacional-populista de direita, ataca as “elites” e a imprensa, colocando-se como representante do povo, do homem comum, contra esse establishment corrupto. A questão é: por que em certos momentos isso ecoa mais? É preciso uma reflexão sincera aqui...

O claro viés ideológico da grande imprensa, que nutre simpatias pelo "progressismo" e despreza o conservadorismo, em nada ajuda. A torcida do contra que fazem diante de governos como o de Trump e Bolsonaro salta aos olhos, turvando a análise objetiva dos fatos. Procuram pelo em ovo, distorcem a realidade, demonstram evidente má vontade e usam o fígado para julgar os resultados.

Acho, porém, que a reação bolsonarista passou dos limites. Entende-se a retórica de demonizar a imprensa, mas o presidente demonstra incompreensão de seu papel ao pedir que o deixe em paz. A função do jornalismo, com ou sem viés, é justamente não deixar os poderosos em paz!

Há viés ideológico? Sim. Há produção de Fake News? Sim. Existe corporativismo que impede uma autocrítica? Sem dúvida. Mas não dá para compactuar com a postura do presidente e seu núcleo duro, que faltam com o respeito aos jornalistas de forma absurda, atacam o mensageiro para não comentarem a mensagem incômoda, xingam e rotulam. Até o general Heleno embarcou nessa:

O Antagonista como "fanaticamente antigovernista"? Thaís Oyama como "medíocre e desapegada à verdade"? 10 em cada 10 bolsonaristas que estão aplaudindo o general e atacando a jornalista não leram uma página sequer do livro. Rotulam antes de qualquer contato com a obra. É uma postura lamentável.

Essa notícia do aumento nos ataques aos jornalistas foi debatida no Jornal da Manhã hoje:

A credibilidade da imprensa não anda em alta em parte por culpa da própria mídia, sem dúvida, mas em parte por essa retórica incendiária do governo Bolsonaro, que mistura o joio e o trigo, quer apenas "analista" chapa-branca, e trata como inimigo da pátria quem ousa fazer críticas.

Reconhecer o viés predominante da imprensa é uma coisa; outra, bem diferente, é achar que seria positivo para nossa democracia substituir a mídia por sites obscuros que bajulam o presidente, seu "mito".

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