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À Cracolândia, a lei e a ordem!
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Um policial militar foi baleado durante uma ação da PM na Cracolândia, na manhã desta quarta-feira (15), segundo informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

De acordo com a pasta, a PM recebeu uma denúncia anônima de abastecimento de drogas na Alameda Barão de Piracicaba, na esquina com a Rua Helvétia, região da Nova Luz.

No local, seis pessoas foram presas e a droga encontrada, apreendida.

Ainda de acordo com a SSP, quando os policiais estavam saindo do imóvel houve um disparo vindo na direção da multidão que atingiu a perna de um policial e deu início a um tumulto.

A PM diz que, junto com a Guarda Civil Metropolitana (GCM), usou munição química para conter a confusão.

Acreditem se quiser, mas ainda há quem tente romantizar locais como a Cracolândia. Quando o marxismo se viu em profunda crise após a morte de Stalin, com as crueldades do regime soviético que vieram a público em seguida, foi preciso encontrar um substituto para o "proletariado" como classe destinada à revolução comunista. Os pensadores da Nova Esquerda encontraram nos "degenerados" seu novo instrumento revolucionário.

Prostitutas, drogados e marginais se tornariam heróis contra o "sistema". Foi assim que os "intelectuais" começaram a enaltecer tudo aquilo que exalava anormalidade, para combater a "burguesia" e seus conceitos de família, religião e ordem. É só com base nesse conhecimento que podemos analisar o estrago causado pela mentalidade "progressista" desde os anos 1960.

E é nesse contexto que entra a glamourização de um inferno como a Cracolândia, com drogados e doentes mentais vivendo totalmente à margem da sociedade, mas bem no seio da comunidade, à luz do dia. É o mesmo fenômeno do "Skid Row" em Los Angeles. A esquerda, que acredita agir com base em altruísmo e sensibilidade, impede ações mais duras da polícia e das autoridades, o que seria benéfico justamente para os marginalizados que vivem por ali, sem falar da vizinhança, que trabalha duro, respeita as leis e paga o pato, com ruas repletas de seringas, lixo e ratos, bem ao estilo de Gotham City.

Num texto para o Instituto Liberal, meu colega de Gazeta Gustavo Nogy escreveu:

Concordar ou discordar das medidas tomadas pelo poder público é possível. Não sei se a internação compulsória é a única – ou melhor – saída, mas sei que o inferno onde vivem os usuários não têm muitas saídas. Se o Estado deve ter poderes para prender os viciados numa clínica é algo que se pode questionar, mas que eles já estão encarcerados dentro dum calabouço psíquico, moral e físico, estão. A dependência química é doença terrível (auto infligida, registre-se), e o sofrimento e a solidão de quem sobrevive na cracolândia deveriam sugerir pudores (intelectuais, morais) em quem se dispõe a pesquisar o fenômeno.

E nem mesmo é preciso ser um fanático da ética do trabalho e dos valores burgueses para considerar que nossos amigos marginais e marginalizados não praticam propriamente o ócio criativo. Fazer sociologia barata, discursar sobre violência simbólica, romantizar abortos, estupros, tráfico, prostituição, roubos, espancamentos, homicídios e vidas corroídas pelo crack, como se tudo se resumisse à versão mais rasteira de um Foucault redivivo, mal lido e mal compreendido, já é desonestidade demais.

Paulistanos à parte, a cracolância pode ser tudo – campo de batalha ideológico, palco de representações políticas e teatrais –, mas não é, nunca será, uma colorida Disneylândia.

Os filhotes de Foucault gostam de relativizar o conceito de normalidade, e tratam doença mental como uma espécie de invenção da direita, o que é algo realmente espantoso. Basta conhecer doentes mentais de perto para saber da urgência de uma intervenção em casos extremos, para o próprio bem da pessoa em questão. Esquizofrenia ou bipolaridade aguda podem levar o indivíduo a cometer atos irracionais, agressivos e perigosos, extremamente autodestrutivos ou contra parentes. Encara-los como "malucos beleza" não é prova de sensibilidade, mas bem ao contrário: um desrespeito absurdo para com quem sofre dessas doenças.

No caso dos viciados é preciso lembrar que houve a escolha em algum momento. Não podemos isentar o indivíduo de toda responsabilidade, pois pelo menos no começo se tratou de um ato de volição, de livre-arbítrio. Não obstante, às vezes só com "pressão" externa para um tratamento. Mesmo um libertário pode aceitar que, se o sujeito tem o direito de se drogar em sua casa, isso não é sinônimo de fazê-lo em local público, expondo transeuntes a situações desconfortáveis, para dizer o mínimo.

Ninguém tem o "direito" de defecar em praça pública, de consumir crack à luz do dia bem diante da polícia, o que serve inclusive para desmoralização de toda autoridade do estado. Pregar maior repressão contra as "cracolândias" da vida, portanto, é não só uma questão de justiça, mas também de respeito e humanidade.

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