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"O ministro Moraes é o coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro, que, por sua vez, tem restringido a liberdade de expressão nos EUA. Graças à liderança do presidente Trump e do secretário Rubio, estamos atentos e tomando as devidas providências", publicou a página oficial da Embaixada americana no Brasil.
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Recado mais direto é impossível. Não obstante, quando lemos os velhos jornais do país e observamos a calmaria nos mercados, fica-se com a impressão de que as sanções marcadas para o começo de agosto serão suspensas ou adiadas por algum milagre qualquer. É como se Donald Trump não tivesse deixado claro com todas as letras em várias ocasiões quais são suas exigências.
O tarifaço vem aí, assim como a Lei Magnitsky, ao que tudo indica. Não há como fugir da realidade, especialmente quando Lula sobe o tom na retórica irresponsável e quando Moraes dobra suas apostas contra seus adversários
O presidente americano grita "STF", o empresariado escuta "comércio". Ele esfrega na cara de todos a caça às bruxas de Moraes contra Bolsonaro, e os senadores fanfarrões falam em usar Obama como intermediário. É um grau de alienação ímpar e chocante! Aliás, sobre essa escolha de Obama justamente numa semana em que Trump o chamou de traidor e seu governo encaminhou documentos com retirada de sigilo para o Departamento de Justiça para avaliar denúncias criminais contra o ex-presidente, Flavio Gordon resumiu bem em sua coluna da Gazeta:
A proposta revela um completo desconhecimento do noticiário político americano, em especial do que tem se passado na terra do Tio Sam precisamente nos últimos dias. Se é verdade que Donald Trump nunca enxergou em Barack Obama um adversário político legítimo, pois sempre intuiu o caráter antiamericano da ideologia e do projeto obamista, agora mesmo é que ele vê no democrata um arquétipo da corrupção sistêmica, da manipulação judicial e da instrumentalização das agências de inteligência como instrumentos de perseguição política. Daí que o timing dos senadores aloprados não pudesse ser pior, pois desembarcarão em Washington no exato momento em que Trump acusa Obama de orquestrar a farsa do “conluio russo” nas eleições de 2016.
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Se os senadores estão mais perdidos do que cego em tiroteio, não dá para dizer nada melhor de Alckmin ou Haddad. Segundo Alckmin, Lula tem orientado que as conversas não tenham contaminação política nem ideológica, e que sejam voltadas à busca de uma solução comercial. "[Para] ao invés de ter um perde-perde, com inflação nos Estados Unidos e diminuição das nossas exportações para o mercado americano, nós invertermos isso", disse o vice-presidente. Alckmin está em Nárnia!
Já o mercado de câmbio segue relativamente tranquilo, com o dólar oscilando perto dos R$ 5,50, como se o país não estivesse a poucos dias de mergulhar em sanções pesadas. É um tanto espantoso isso em minha opinião, fruto de um wishful thinking comovente. Essa turma toda espera que Trump, aos 45 do segundo tempo, resolva ser bonzinho ou alegar que estava só brincando?
O tarifaço vem aí, assim como a Lei Magnitsky, ao que tudo indica. Não há como fugir da realidade, especialmente quando Lula sobe o tom na retórica irresponsável e quando Moraes dobra suas apostas contra seus adversários políticos. "O ministro Moraes é o coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro", diz a primeira frase da publicação oficial da embaixada. O que resta para essa gente toda compreender o recado?
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos





