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Paulinho da Força como relator do projeto de anistia é aquela ducha de água fria nos patriotas. Reportagem do Globo dá o tom: "Relator do PL da Anistia se reúne com Aécio Neves e Temer, em São Paulo, e foco do texto será reduzir penas do 8 de Janeiro". O subtítulo acrescenta: "Paulinho da Força, escolhido para redigir o projeto de lei, busca uma alternativa que não confronte o Judiciário".
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Diz a reportagem: "A escolha do parlamentar, anunciada pela manhã por Hugo Motta, foi bem recebida por ministros do STF. A avaliação é que ele tem perfil moderado e trânsito político suficiente para construir uma proposta que evite radicalismos e contribua para a pacificação institucional".
Querem Bolsonaro de cabo eleitoral, querem seus eleitores, mas não querem ele próprio, que seria 'tóxico' demais – e talvez honesto demais? Um projeto de 'anistia' desconfigurado que reduzisse as penas sem abalar a narrativa oficial seria o ideal para muita gente ali
Em sua primeira entrevista, o relator disse que será um projeto que não agrade nem a extrema esquerda, nem a extrema direita. Não sei quem ele chama de extrema esquerda, mas imagino que a extrema direita seja a turma bolsonarista. Ou seja, o projeto da anistia vai desagradar todos os patriotas cansados de tanta injustiça. Até porque contará com a participação dos próprios ministros supremos...
Se o Centrão acredita que isso trará "pacificação" ao país, está redondamente enganado. Afinal, não interrompe a caça às bruxas nem um milímetro. No fundo, eis a sensação que fica: as condenações draconianas aos manifestantes do 8 de janeiro já cumpriram sua missão, de preparar o terreno das narrativas para condenar Jair Bolsonaro a quase 30 anos de prisão. Agora podem aliviar na dosimetria para esses presos políticos, mas sem mexer na essência da coisa.
O cenário ideal para o Centrão é manter Bolsonaro afastado da vida política, para que tenham seus votos, mas sem levar junto o ex-presidente. Querem Bolsonaro de cabo eleitoral, querem seus eleitores, mas não querem ele próprio, que seria "tóxico" demais – e talvez honesto demais? Um projeto de "anistia" desconfigurado que reduzisse as penas sem abalar a narrativa oficial seria o ideal para muita gente ali.
Resta, claro, combinar com os "russos", no caso, com os eleitores de Bolsonaro. E também com Donald Trump, claro, que já disse que o regime precisa parar com a caça às bruxas a Bolsonaro, citado nominalmente pelo presidente americano.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos





