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Apresentador da rádio Band corta deputado que defendia legalização das drogas
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O tema da legalização das drogas é bastante polêmico e costuma mexer com fortes emoções. Foi o que aconteceu neste "debate" na rádio Band, quando o deputado estadual Fabio Ostermann, do Partido Novo, era um dos entrevistados. Quando chegou sua hora de falar, ele foi logo interrompido, e depois foi alvo de ataques fora do ar. Usou as redes sociais para desabafar e explicar o ocorrido:

Hoje passei por uma experiência SURREAL! 1) Fui convidado a participar de um programa na Rádio @bandrs 2) Ouvi atentamente a opinião de todos  3) Quando fui manifestar minha posição, acabei CENSURADO 4) O apresentador Milton Cardoso ordenou que CORTASSEM MEU MICROFONE!

Conheço o Fabio de longa data, da militância liberal que, no passado, enchia apenas uma Kombi no Brasil. Ele é da vertente mais libertária, o que é legítimo. Eu já fui dela, e com o tempo me tornei um liberal com viés mais conservador. Sou contra, portanto, a legalização das drogas hoje, e tampouco acho que devesse ser uma prioridade discutir esse assunto. Mas respeito o ponto de vista do Fabio, que não pode ser comparado à apologia de um Greg da vida, da turma do PSOL, da "bancada da maconha", como ele mesmo sustenta:

Minha posição sobre a fracassada Guerra às Drogas é notória e consolidada ao longo de anos de estudos e observação da realidade Mundo afora. Importante aprendermos com a experiência de quem diminuiu a violência e o poderio do tráfico por meio de um regramento inteligente.

Dito isso, o que realmente chama a atenção é a reação nas redes sociais. Poucos focam nos princípios em si, como a liberdade de expressão e a deselegância do apresentador ao tratar assim um convidado, preferindo restringir sua análise ao conteúdo da fala.

Vejo muita gente comentando o caso de acordo com suas crenças particulares sobre legalizar drogas. Bobagem! O apresentador merece crítica independentemente de sua (apresentador) visão sobre o tema. É errado ele interromper dessa forma o convidado, e ponto. Não há justificativa para tratar assim alguém que apresentava com civilidade seus argumentos, por mais que você discorde desses argumentos. Talvez ele tenha tocado num nervo sensível do apresentador, mas caberia um pedido de desculpas formal.

Dito isso, confesso que adoraria ver a "bancada da maconha" adotar postura única e imparcial aqui, sem o eterno duplo padrão hipócrita. É preciso lutar pela liberdade de expressão sempre, sem levar em conta quem fala. Infelizmente, sabemos não ser esse o caso. Principalmente à esquerda, mas também para ala da direita, cada vez mais importa apenas quem diz, e não o que é dito. Esse tribalismo é mortal para o bom debate.

Coisas como "lugar de fala" e "discurso de ódio" têm servido para calar o outro, asfixiando a liberdade de expressão em nome do politicamente correto, um instrumento de censura velada. Gostaria de ver mais gente combatendo isso por princípios, não por conveniência quando interessa apenas.

Vera Magalhães também criticou a postura do jornalista: "Lamentável. Quando é um jornalista que cerceia a liberdade de expressão". Concordo com ela. Mas só para eu entender: nesse caso a crítica ao jornalista não é sinônimo de crítica ao jornalismo, certo? Está liberado criticar jornalistas então, casos particulares, sem ser acusado de autoritário defensor de censura?

Pergunto isso pois sabemos do corporativismo dos jornalistas, dessa coisa de "ninguém solta a mão de ninguém", que na prática cria uma patota com viés "progressista", que exclui quem pensa diferente. Tenho para mim que vários reagiram de forma diferente se fosse um apresentador de esquerda interrompendo de forma grosseira um defensor de Bolsonaro...

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