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A dificuldade de apresentar propostas realistas em um país dominado pelo populismo
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Ao comentar o primeiro debate de candidatos à presidência, concluí com um desabafo: “O resumo geral é que nossa democracia é mesmo dominada por amadores, malucos ou safados, e assusta, como já disse, o fato de que o candidato que se destaca em termos de postura e apresentação de ideias corra o risco de sequer chegar ao segundo turno. É de tirar nosso sono mesmo…”

O leitor pode discordar das propostas do tucano Aécio Neves, mas uma coisa é inegável: ele é o único que vem tentando apresentá-las em seu discurso, em tom realista e sem venda de promessas utópicas. Dilma tenta enganar o eleitor o tempo todo, com mentiras, propaganda enganosa, palavras de ordem, vendendo-se como a candidata da mudança após 12 anos de PT no poder.

E Marina, até agora, tem abusado de uma linguagem vaga, ambígua, um tanto messiânica, com termos que despertam fortes emoções, tais como “nova política” e “o melhor de cada um”, mas que nada dizem de fato. Faltam propostas concretas. É sua imagem que vende bem, o que ela supostamente representa, não suas ideias e sua experiência administrativa.

Não obstante, as pesquisas apontam para um segundo turno entre Dilma e Marina. No Rio é ainda pior: temos Garotinho liderando as pesquisas, e Romário deve ser nosso próximo senador (não que César Maia mereça, pois não merece, mas Romário?). O quadro geral é de recrudescimento do populismo, da demagogia. É preocupante.

O economista Mansueto Almeida escreveu um texto recentemente tocando nesse ponto, lembrando que não é Aécio Neves quem está mal, e sim o Brasil ao não querer uma eleição calcada em debate de ideias e propostas. Diz ele:

Algumas vezes, da forma que alguns analistas colocam a disputa eleitoral, tenho a impressão que se trata de uma disputa entre candidatos cujo o grande vencedor é “o candidato” e não os seus eleitores. Quem perde em não eleger o senador Aécio Neves presidente da república não é ele, mas sim os eleitores que acreditam no seu projeto e a população brasileira que deixará de contar, na minha opinião que conheço o candidato, com um homem público com vasta experiência política e de gestão.

É o único candidato com uma experiência nas duas casas do legislativo e no executivo como governador de Minas Gerais por oito anos. O senador Aécio tem uma experiência comprovada na costura de alianças políticas que serão necessárias para quebrar a letargia da falta de reformas no Brasil, algumas bastantes complexas que ainda não foram postas à mesa por nenhum dos candidatos.

[…]

No sábado falei com o senador Aécio Neves por telefone e ele vai muito bem e, como sempre, empolgado com as eleições. Nós eleitores que deveríamos estar muito preocupados com o futuro do Brasil, pois estamos a um mês das eleições e tenho a sensação que o eleitor espera soluções mágicas do próximo governo. Sonhar é preciso, mas é também necessário maior realismo com a nossa situação econômica atual. Um realismo que não virá do atual governo, que encara os truques fiscais como uma “estratégia” de crescimento, e nem tão pouco do compromisso com maiores gastos.

Assim, vamos nos preocupar um pouco mais com as propostas dos candidatos e com o debate mais profundo que deveria estar ocorrendo nesta campanha eleitoral e não está. O senador Aécio Neves vai muito bem e cada vez mais empolgado em debater os rumos do Brasil. Mas o Brasil está bem?

Difícil responder na afirmativa quando analisamos o quadro eleitoral. A democracia brasileira ainda terá de amadurecer muito para ter, um dia, candidatos apresentando ideias e propostas realistas em vez de sonhos e utopias demagógicas.

Rodrigo Constantino

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