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A grande presença estatal na economia é uma das principais causas da corrupção
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O petróleo é nosso, companheira!

Brasileiro nem sempre gosta de ligar causa e efeito. Hoje, milhões estão indignados com o PT, com o governo, mas desses milhões todos, quantos querem mudanças estruturais que dificultem o surgimento de novos escândalos de corrupção como os petistas? Poucos. Falar em privatização das estatais, por exemplo, ainda é assunto polêmico de “radical” em nosso país. A turma da arquibancada ainda não ligou lé com cré, não compreendeu que, caso a Petrobras, o Banco do Brasil, os Correios e o BNDES fossem privados, o PT não teria a mesma facilidade em criar mensalão, petrolão etc.

Em seu editorial de hoje, o GLOBO tenta fazer a ligação para seus leitores mais desatentos. Quem sabe pega no tranco? O instrumento estava lá, acessível para a quadrilha disfarçada de partido no poder. Ninguém, ao condenar o “sistema”, pretende ou deveria inocentar a quadrilha. O PT é diferente dos demais, encara a corrupção como um método legítimo de permanência no poder, enaltece seus “heróis” mesmo após condenados pela Justiça. Nunca antes na história deste país se roubou tanto!

Mas quando o PT for enxotado do poder (Amém!), a roubalheira poderá e provavelmente irá diminuir, mas as estatais ainda continuarão como fonte de “tentação”, como meios irresistíveis para os demais partidos e políticos. Ninguém se pergunta porque não há o “valão”, ou o “embraerzão”, mas há o petrolão? As estatais são fonte de corrupção porque estão lá, à disposição dos corruptos. Simples assim. Diz o jornal:

Não é coincidência que os dois escândalos tenham, no epicentro, empresas estatais. A pergunta sobre as razões da multiplicação de casos de corrupção precisa ser substituída por outra: por que há tantos desses crimes no Brasil? A resposta está na grande participação do Estado na economia, sendo, como fica provado neste ciclo petista, as estatais eficazes gazuas de arrombamento de cofres públicos.

Não que inexista corrupção na administração direta. Mas as estatais, por fecharem operações comerciais e financeiras, oferecem múltiplas oportunidades de falcatruas. Se há um grupo no poder que atua no ramo, é uma festa.

O assalto praticado na Petrobras pelo esquema lulopetista, em associação com PP e PMDB, e alianças com as maiores empreiteiras do país, é a prova concreta de que há uma relação direta entre estatização e corrupção.

Apenas na plano federal, há pouco mais de 140 empresas públicas. No período FH houve importantes privatizações. Na Era PT, voltou-se a criar estatais, coerente com a ideologia de petistas e aliados.

Nestes quase 13 anos de poder lulopetista em Brasília, um grupo político voraz, ágil em aparelhar a máquina pública, incluindo estatais, encontrou nessas empresas amplas oportunidades de financiar, com caixa dois, seu projeto político e eleitoral, sem deixar de sustentar alto padrão de vida de capos e ainda permitir enriquecimentos alhures.

O raciocínio e a conclusão são simples: sem esta grande participação do Estado em setores que movimentam muito dinheiro, não haveria como o PT e aliados se financiar com propinas. Só existe caixa dois quando há caixa um.

Elementar, meu caro Watson. A corrupção vem basicamente de três fontes: o desvio moral, a impunidade (mecanismo de incentivos) e o instrumento. Contar apenas com a retidão dos políticos é ingenuidade, ainda mais quando tantos “intelectuais” endossam a tese relativista de que é “moralismo burguês” condenar os “malfeitos” dos outros, usando a ideologia para oferecer um salvo-conduto aos bandidos esquerdistas.

O mecanismo de incentivos precisa dissuadir os corruptos, ou seja, os que não resistem por conta própria (retidão moral) precisam daquela “mãozinha” da Justiça: se for pego com a boca na botija, vai pagar, e caro, pelo crime! Por isso é tão importante colocar empreiteiros milionários na cadeia, assim como – e principalmente – políticos poderosos, os arquitetos dos esquemas, os assaltantes dos cofres públicos.

O terceiro caminho para coibir a corrupção é reduzir os instrumentos disponíveis aos corruptos, dificultar sua vida, o acesso a tantos recursos públicos, a tantas estatais que acabam usadas para seus próprios interesses. A população brasileira já não parece boba o suficiente para contar apenas com a retidão moral dos políticos, pois cada vez mais se dá conta de que o estado, essa linda abstração, é formada justamente pelos políticos que eles costumam rejeitar. A população também parece ávida por punição, cansada desse clima de impunidade que impera em nosso país.

Por fim, falta a população compreender o terceiro pilar da corrupção: reduzir a quantidade de dinheiro na mão dos políticos, especialmente por meio de empresas estatais, já que o estado não tem nada que ser empresário, função exercida muito melhor pela iniciativa privada. Será que a ficha vai cair?

Repitam comigo, caros leitores: privatizar a Petrobras (e demais estatais) não é coisa de radical; radical é defender um governo empresário do ramo de petróleo, algo que nos remete a países como Venezuela, Nigéria, Rússia, Arábia Saudita e Irã, em vez de países como Estados Unidos e Inglaterra, com empresas privadas atuando no “setor estratégico”. Vamos seguir os bons exemplos?

Rodrigo Constantino

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