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Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal e originalmente no blog do autor

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Despertar a ira de movimentos coletivistas autoritários, como feministas e afins, não costuma ser tarefa complexa. Afinal, eles nutrem-se de polêmicas mesmo, de protestar pelo direito de protestar. Não espernear, fazer balbúrdia e “lacrar” nas redes sociais, para tais ajuntamentos, equivale a deixar de respirar.

Todavia, há determinadas assertivas que têm o condão de despertar o Incrível Hulk latente nestas “minorias”, verdadeiras blasfêmias que deveriam, a seu distorcido ver, serem apenadas com a cassação do direito de abrir a boca: declarar-se contra cotas raciais na porta do DCE; responder para a professora de “ideologia de gênero” que características biológicas devem ser levadas em conta na definição do sexo do indivíduo, sim; gritar na frente da sede do sindicato que salário mínimo gera desemprego; e demais descalabros inaceitáveis do ponto de vista daqueles que almejam a igualdade para todos (até mesmo para os desiguais, e ainda que nivelando todos na miséria), e só vão sossegar quando todos entoarmos os mesmos mantras em uníssono – em nome da diversidade, dizem.

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E qual seria o estopim capaz de eclodir uma avalanche de críticas daquelas que vêem os homens como seus inimigos e sentem ojeriza pela sociedade ocidental patriarcal judaico-cristã machista? Exato: a imagem de uma dona de casa cuidando do filho e esperando o marido com o jantar pronto. Muito pior ainda se tal retrocesso à era mesozóica for professado por uma traidora da causa, como resolveu fazer a mais nova candidata a sub-celebridade ejetada do Big Brother Brasil. Quem mandou não seguir a cartilha politicamente correta, companheira? Agora aguente os comentários indignadXs. Menos mal que, aparentemente, a nova contracultura  (ou seja, o conservadorismo) também deu as caras na discussão:

Mal sabia a ex-confinada de reality show que proferir frases tais como “gosto do macho alfa, aquele que resolve tudo para mim” ou “quero ser dona de casa, criar uns quatro filhos e ter um provedor” são simplesmente imperdoáveis do ponto de vista das queimadoras contumazes de sutiãs. Elas consideram a liberdade de escolher o próprio destino uma prerrogativa fundamental, sim – até virar a esquina. “Minha vida, minhas regras” não soa bem aos ouvidos mais interessados em usar as mulheres como vetores desta empreitada que visa tão somente abalar os alicerces do núcleo familiar.

Entre os argumentos aventados, predominou, no caso em questão, a alegação de que, uma vez dependente do marido, a esposa ficaria a sua mercê, sujeita aos desmandos do “explorador” com quem divide o teto. Ora, se uma mulher expõe-se a tal risco de perder as rédeas de sua vida, é porque ela deposita muita confiança no parceiro – fenômeno também conhecida como amor, algo aparentemente desconhecido por tais pessoas tão preocupadas com as escolhas alheias – e, portanto, acredita que o “contrato” firmado entre as partes será cumprido. Se vai dar certo ou não, ninguém sabe, e somente aos envolvidos na relação cabe decidir a respeito da conveniência do enlace nestas condições e de sua manutenção no tempo.

É claro que a chance do casamento terminar em melodrama decresce significativamente à proporção que os valores familiares venham a permear a vida dos cônjuges – para desgosto daqueles que vibram com cada nova história de pai ausente narrada, e fazem de tudo, seja em nome de uma suposta “liberdade”, seja por contrariedade à “moral burguesa”, para desvirtuar os papéis de cada membro da família, retirar a autoridade dos pais sobre os filhos e transformar em um inferno aquele período de convivência que deveria forjar o caráter dos indivíduos.

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Mas se a mulher decidir, por liberalidade própria, que deve também arranjar emprego, seja para ajudar no sustento do lar, seja para sentir-se mais autônoma, sem problemas: os últimos dois séculos,  marcados pela expansão do capitalismo, testemunharam o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, muito em função da busca crescente dos empreendedores por incrementos de produtividade.

Não poderiam faltar no debate aqueles que acreditam que Mayara só quer “um milionário para sustentá-la”. Se for o caso, indago: e daí? Desde que este matrimônio não ocorra sob a mira de uma arma, ambos sairão, a priori, beneficiados com a união. Quando observo uma jovem formando casal com um senhor de idade avançada endinheirado (ou a mesma situação invertendo-se os sexos), não consigo deixar de imaginar que ambos estão felizes – cada qual por seus motivos particulares.

Por que cargas d’água, pois, alguém deveria imiscuir-se em seus negócios? Em nome do empoderamento feminino? E se ela estiver se lixando para o Femen e demais grupelhos de sovaco cabeludo e colorido (bem provável, por sinal)? Sem preconceito com diferenças de idade e de saldo bancário, pessoal! Marcela Temer e seus recato, beleza e discrição foram vítimas recentes deste tipo de discriminação perpetrada por igualitaristas fajutas, o que gerou até mesmos capas de revistas debochadas.

Seria interessante consultar a opinião das camaradas feminazi, uma vez que mal conseguem dormir à noite sabendo do terrível fato de que há mulheres vivendo às expensas de homens em nosso hemisfério, a respeito dos haréns dos quais desfrutam diversos Sheiks árabes muçulmanos – alguns dos quais, a propósito, financiaram Hillary Clinton em sua fracassada campanha. Seria de grande valia saber o que pensam da escravidão sexual praticada amplamente em países islâmicos, e dos casamentos com meninas de menos de dez anos. Prevejo, no entanto, silêncio sepulcral e sons de grilos ao longe…

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Encerro fazendo votos de que Mayara encontre seu provedor, case, tenha quantos filhos lhe der na telha e seja feliz, a despeito das bobajadas saídas da boca de certas pessoas mal-amadas que se desdobram para deturpar a felicidade de outrem – não serei eu, por certo, o felizardo, pois já dei a sorte de encontrar uma mulher que não me veja como seu adversário em uma luta de classes. Theodore Dalrymple, em sua obra Em Defesa do Preconceito, descreveu uma paciente muito infeliz justamente porque não lograva levar o namorado ao altar – ou ao cartório, que seja:

Certa vez tive uma paciente que tentara o suicídio porque o seu eterno namorado se recusava a pedi-la em casamento. Ao conversar com o rapaz, perguntei o motivo da recusa, e ele respondeu-me que aquilo (o casamento) era apenas um pedaço de papel e não significava muito. “Se é apenas um pedaço de papel e não significa nada”, perguntei-lhe, “por que você não assina? Para você, não vai mudar nada, mas isso traria uma imensa alegria a ela.” De repente, tornando-se alguém movido pelo mais profundo princípio, ele me disse que não queria viver uma farsa. Eu quase pude ouvir a justificativa de fundo: um amor verdadeiro e um compromisso real são questões do coração, os quais não precisam da ingerência da Igreja ou do Estado para selá-los.

O ceticismo desses céticos radicais, os quais exigem uma base cartesiana a partir da qual examinarão qualquer questão, ao menos as questões que tenham alguma implicação na forma como devem conduzir as suas vidas, varia de acordo com o assunto. São poucos os que se mostrarão céticos a ponto de duvidar que o Sol surja amanhã, muito embora eles tenham certa dificuldade na hora de oferecer evidências sólidas que sustentem a teoria heliocêntrica (ou qualquer outra) do sistema solar. Esses céticos acreditam que, ao apertarem a tomada, a luz se acenderá, mesmo que lhes falte qualquer conhecimento sobre teoria da eletricidade. Todavia, um feroz e insaciável espírito investigativo os domina por completo no exato momento em que percebem que os seus interesses estão em jogo – o que significa, mas precisamente, a liberdade ou licença para que possam agir segundo os seus caprichos. Então, subitamente, todos os recursos da filosofia lhes são disponibilizados, e serão imediatamente usados para desqualificar a autoridade moral dos costumes, da lei e da sabedoria milenar.”