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Brasil: um país de bundas!
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Calma, leitor. Não estou (ainda) acusando o brasileiro de ser um povo bunda, ou algo do tipo. Estou apenas fazendo alusão ao fato de que a bunda feminina é um dos grandes atrativos nacionais no mercado de turismo internacional. Todos sabem disso. E não é obra que se constrói em pouco tempo não…

O Carnaval vem aí. Mais algunas toneladas de bundas de fora, rebolando, para todos apreciarem, a começar pela beldade da Globeleza. Os cartões postais são conhecidos: aquele bundão da mulata com o Pão de Açúcar ao fundo. Liga a TV: bundas rebolando, em tudo que é programa, desde Chacrinha, até Faustão, Caldeirão do Hulk, Pânico, etc. Baile funk: bundas, e mais bundas, descendo até o chão ao som de tá-tá-tá-tum-tum.

Eis o que eu quero dizer: há bunda pra todo lado! Por isso o título: somos o país das bundas. E somos, também, um país de bundas. Agora sim, saio do substantivo e entro no adjetivo. Haja hipocrisia! Como muitos já sabem, a Adidas resolveu fazer camisas homenageando a marca nacional de nossa cultura. Claro, com bundas. Vejam:

Mas as camisas geraram uma celeuma! A patrulha politicamente correta saiu da toca, deixou o ufanismo tomar conta das emoções, e bradou: isso não! Como assim, essa multinacional ousa explorar comercialmente nossas bundas mundo afora e levar a imagem de que o Brasil se resume a belas nádegas de popozudas?

Até mesmo o governo tinha resolvido se meter. Não em nossas bundas, pois isso já faz todo ano ao arrecadar quase 40% de impostos a fundo perdido. Mas na polêmica mesmo. A Embratur chegou a prometer medidas contra a empresa, que já retrocedeu e desistiu da ideia, ao que parece. Mas a hipocrisia está exposta. O presidente da Embratur, Flávio Dino, disse:

Não aceitaremos que a Copa seja usada para práticas ilegais, como o chamado turismo sexual. Exigimos que a Adidas ponha fim à comercialização desses produtos. Lembramos que no Brasil há leis duras para reprimir abusos sexuais e as polícias irão atuar nesses casos no território nacional. O povo brasileiro é acolhedor e temos certeza de que aqueles que nos visitarão irão respeitar o Brasil.

É mesmo? Diz isso, então, para os milhares de turistas que todo ano chegam em Copacabana para explorar nossa “beleza natural”, que cobra um preço camarada para um “blow job”. Diz isso para os gringos que vão ao nordeste pagar uma mixaria para conhecer a “especialidade” local, muitas vezes menor de idade.

Assim não. Um país que faz de tudo para colocar a bunda das mulheres no topo da hierarquia dos valores nacionais, bancar agora o moralista? É demais da conta, até para um “reaça” como eu…

PS: O Brasil vai deixar de ser visto lá fora como o país do samba, futebol, novelas e bundas quando deixar de ser o país do samba, futebol, novelas e bundas, ou seja, quando tais tópicos não forem responsáveis por uns 90% dos “debates” em nossas redes sociais.

Rodrigo Constantino

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