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Brasileiro não conhece juros compostos: o buraco é bem mais embaixo!
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Não me entendam mal: sou o primeiro a defender a importância do poder das ideias. Foi esse meu discurso no recebimento do Prêmio Libertas no Fórum da Liberdade de 2009, em Porto Alegre. Ideologias podem destruir uma nação, e o ambiente intelectual é fundamental para o avanço ou retrocesso de uma nação. Nossa elite mesmo é fraca, medíocre, como não canso de apontar.

Dito isso, o buraco no Brasil é bem mais embaixo. Os liberais não lutam “apenas” contra a doutrinação ideológica, contra o preconceito ao lucro e ao capitalismo empreendedor, contra a mentalidade estatizante. Lutamos contra a ignorância em seu estado mais bruto. Lutamos contra a aritmética, ou melhor, contra a total falta de noção de aritmética. Se for para falar de conceitos básicos de finanças, então, sai de baixo! Vejam essa notícia da Folha:

Comprar um carro ou um imóvel e pagar, em parcelas, quase dois. Embora muitos consumidores passem por essa situação, quase nenhum deles sabe apontar o mecanismo que, combinado aos juros altos, faz com que o valor pago por um bem seja tão mais alto que o original.

É o que mostra pesquisa elaborada pelo diretor da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira, em parceria com o portal Vida Econômica.

De acordo com o levantamento, 99,4% dos brasileiros desconhecem o conceito de juros compostos –983 usuários do site tiveram seus conhecimentos testados sobre o assunto.

[…]

“A pesquisa não é surpresa para nós. O brasileiro olha muito a prestação na hora de fazer o financiamento, e não a taxa de juros. Se estivesse nos EUA ou na Europa, não teria que se preocupar com isso. Mas no Brasil, com juros elevados, é preciso conhecer a taxa. No fim, você paga dois carros”, afirma Ribeiro.

De fato, é aquela velha história de que o consumidor só olha para o que cabe no orçamento, e não para a taxa implícita na operação de compra a prazo. Falar em juros compostos é falar grego para milhões de brasileiros. Como esperar que compreendam, então, os efeitos perversos do rombo fiscal do governo?

O Brasil tem um longo percurso até a civilização. Boa parte disso será combatendo ideologias atrasadas, preconceitos culturalmente enraizados. Mas outra parte, igualmente ou mais relevante, será ensinar o básico de matemática e finanças ao povo, que hoje “aprende” sobre baboseiras marxistas nas escolas.

Uma matéria de finanças deveria ser obrigatória no currículo escolar, podendo substituir alguma aula de humanas qualquer. Um povo que não sabe fazer contas e não entende o valor do dinheiro no tempo não tem como cobrar do governo o mínimo de responsabilidade no orçamento dos recursos públicos.

PS: Quem quer ter alguma noção do efeito dos juros compostos para o bem ou para o mal na vida de uma pessoa e não entende muito de finanças ou não quer mergulhar no árido tema de forma profunda, que ao menos leia um livrinho de autoajuda como Pai Rico, Pai Pobre, que serve para transmitir uma noção básica da coisa.

Rodrigo Constantino

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