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Caso de censura ao livro com pseudônimo Eduardo Cunha demonstra como poucos defendem a liberdade de expressão
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Antes foi o episódio com Roberto Carlos. Agora foi a vez de um livro de ficção, com o pseudônimo Eduardo Cunha (logo, o autor é qualquer um, menos o próprio Eduardo Cunha), ser censurado por um período. Felizmente, a censura perdeu e o livro está à venda. Mas o caso demonstra como ainda se entende pouco de liberdade de expressão em nosso país. E mais: como ela tem poucos amigos, mesmo no meio editorial, o que é um espanto!

O editor da Record Carlos Andreazza tem batido nessa tecla: o que mais o incomodou foi o silêncio cúmplice de outras editoras, a falta de solidariedade quando o livro foi censurado, provavelmente por se tratar de um “editor de direita”. Isso comprova o binarismo, o partidarismo, a seletividade dos editores na defesa da “liberdade de expressão”.

Tanto no podcast para o IMB com Bruno Garschagen, como na recente “Conversa com Bial” (especialmente a partir dos 28 minutos), Andreazza explicou melhor o caso, defendeu sua postura e a coragem de sua editora, e destacou esse lado triste do nosso mercado editorial, que não consegue deixar a ideologia de lado na hora de defender algo maior, fundamental ao próprio negócio, que é a liberdade de expressão.

Andreazza tem sido, portanto, uma voz fundamental que veio para chacoalhar esse mercado editorial brasileiro. Não só tem a coragem de bancar autores de direita, liberais e conservadores, para desafiar a hegemonia esquerdista de décadas e trazer para o leitor a verdadeira pluralidade que essa esquerda prega só da boca pra fora, como está ciente de que precisa defender princípios, não partidos, e que a liberdade de expressão não tem lado.

Ao completar cinco anos de casa nesses dias, o editor escreveu um belo texto em sua página do Facebook agradecendo pela oportunidade, elogiando bastante os irmãos proprietários da Record, o falecido Sergio Machado, seu guru, e Sônia, que o trouxe para a editora, e não deixou de fora sua equipe competente e trabalhadora, sem a qual não seria possível produzir tanta coisa boa e, como está claro, demandada.

Comentei à ocasião e reproduzo aqui: “Parabéns! Como autor da casa, sinto-me honrado de ter um editor como vc e uma editora como a Record, bancando a aposta na liberdade de expressão e na pluralidade de ideias”. Não é da boca pra fora. Liberais entendem que a liberdade de expressão é um conceito sagrado, que não pode ser censurado de forma seletiva, de acordo com os interesses e a ocasião, pois amanhã o poder concedido voltará para nos censurar também.

A pluralidade de ideias é crucial para a sociedade. O Brasil ficou por muitos anos só com uma narrativa, com um lado – o esquerdo – apresentando seus argumentos e, muitas vezes, seus mitos, suas falácias. O leitor ficava sem direito ao contraditório. Quem tem medo da concorrência? Quem teme o livre embate de ideias? Não nós, da direita!

Quanto mais livros, melhor! Leiam! Leiam os autores de esquerda também, seja para comparar, seja para criticar, seja até mesmo para aprender alguma coisa com eles. John Stuart Mill fez, creio, a defesa definitiva das vantagens da liberdade de expressão: ao entrarmos em contato com ideias com as quais discordamos, das duas, uma: ou mudamos nossas próprias ideias anteriores, o que é sinal de que estávamos no erro; ou reforçamos nossas ideias, agora com mais robustez, pois sobreviveram ao confronto, superaram as explicações alternativas.

Viva a liberdade de expressão! Abaixo a censura! Que outros editores como Carlos Andreazza e outras editoras como a Record demonstrem realmente compreender tal conceito, pois ele é essencial para a liberdade e o progresso.

Rodrigo Constantino

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