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Chico, por qué no te callas?
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Ai ai, lá vamos nós. O ex-assaltante de carros estava um tanto sumido, mas resolveu voltar à cena. Primeiro colocando uma camisa contra a redução da maioridade penal no dia seguinte em que um marginal assassino “di menor” bancou o Jack estripador e resolveu expor as vísceras de um médico ciclista em plena Lagoa. Agora, dando uma entrevista ao El País para repetir que o PT fez muito pelos pobres e que é por essa razão que querem destruí-lo. O arsenal de bobagens é infindável. Falo do “queridinho” Chico Buarque, é claro.

Chico afirmou que oposicionistas ao governo querem “acabar” com o Partido dos Trabalhadores e desgastar Dilma para evitar a volta de Lula ao poder em 2018. “O alvo não é Dilma, mas o Lula; têm medo que ele volte a se candidatar”, declarou. Em entrevista ao repórter Antonio Jiménez Barca, Chico disse que, embora não seja filiado, não tem “qualquer problema” em “tomar partido”. “Sempre apoiei o PT, agora a Dilma Rousseff e antes o Lula”, disse. O compositor participou de gravações do horário eleitoral de Dilma e Lula.

Sim, ele nunca teve problema em “tomar partido”, e sempre tomou o partido errado! O rico compositor, que mora numa cobertura do Leblon, nunca teve problema em apoiar, de longe, o regime ditatorial cubano, o mais assassino do continente, que ceifou a vida de dezenas de milhares de inocentes e colocou os demais milhões de cubanos numa situação de penúria e escravidão. Chico toma partido mesmo, quando é para defender a escória humana!

Segundo ele, o PT não resolveu os problemas do país, mas atenuou os problemas sociais. “Apesar de não ser membro do partido, de ter minhas desavenças e de votar em outros candidatos e outros partidos em eleições locais. Mas sempre soube que o problema deste país é a miséria, a desigualdade. O PT não resolveu tudo, mas conseguiu atenuar. Isso é inegável. O PT tem melhorado as condições de vida da população mais pobre”, disse.

Tem melhorado mesmo? Não, Chico, não tem! Melhorou as condições de vida dos sócios da JBS, por exemplo, ou de Marcelo Odebrecht. Mas pobre, caso o compositor não saiba (e não deve saber mesmo, pois vive numa bolha de ricos), sofre mais do que ninguém com inflação. É o imposto mais perverso que existe. E caso o compositor também não saiba, talvez por passar tempo demais nos cafés de Paris ou jogando pelada em seu campo particular no Recreio, a inflação no Brasil está acima de 8%.

O que o PT fez chama-se populismo. Como Chávez fez na Venezuela e Kirchner na Argentina. Não melhora as condições de vida dos mais pobres coisa alguma, ao menos não no médio prazo. Distribui benesses estatais, possíveis ou pela alta das commodities ou pelas reformas mais liberais do governo anterior, e depois cobra em troca o voto. Antigamente era chamado pelo próprio Lula de “voto de cabresto”. Isso não melhora coisa alguma a “desigualdade”, que nem deveria ser o foco em si, pois riqueza não é jogo de soma zero (se Chico discorda, por que não distribui a sua própria fortuna para tornar o mundo menos desigual?).

Esse populismo petista criou uma ilusão de prosperidade, mas ela era, como vemos agora e os liberais apontavam antes, insustentável. Foi algo passageiro, um sonho de verão. Quando a maré baixou, ficou claro que o Brasil nadava nu. Teremos uma queda do PIB perto de 2% este ano, mesmo com uma inflação acima de 8%. Isso não é “intriga da oposição” ou uma conspiração das “elites” para impedir a volta do Lula, Chico. Isso é uma desgraça causada pelo governo do PT e seu “desenvolvimentismo” irresponsável e populista.

Até mesmo economistas ligados aos tucanos e, portanto, mais afeitos aos programais sociais como o Bolsa Família (nada mais do que a união de programas anteriores de FH), condenam o que o PT fez na economia por ter estragado os “acertos” na política social. É o caso de Mansueto Almeida, que escreveu em seu blog hoje um texto criticando a fala de Chico, e mostrando como o salto nas exportações, sem nenhum mérito do PT, é que explica a bonança passageira:

No mais, as principais políticas sociais antecedem o governo do PT, mas é claro que o PT expandiu o Bolsa Família, mas também o Bolsa Empresário e criou uma desequilíbrio fiscal enorme. O problema das criticas ao PT, pelo menos no meu caso, tem a ver não com a política social, mas sim com a política econômica. E não teremos condições  externas tão favoráveis como aquelas que, no governo Lula,  se traduziram em um crescimento do preço de nossas exportações de mais de 150% em relação à 1999, segundo a FUNCEX.

Ou seja, no período Lula, foi possível mais do que duplicar as exportações do Brasil apenas pelo efeito de aumento expressivo dos preços de nossas exportações. Nenhum governo ganhará novamente esse maná dos Deuses e, sem um conjunto de reformas microeconômicas, teremos mais de uma década de crescimento medíocre. Assim, o único medo do Lula é ele achar que tudo que aconteceu de 2003 a 2010 decorreu da política do seu governo, com muitos gostam, de forma equivocada, repetir.

Índice de preço das exportações do Brasil (1980-2014) – 1999=100

Fonte: FUNCEX

Como podemos ver, o PT ganhou um bilhete de loteria, usou a grana para comprar votos e se manter no poder, e não fez o dever de casa. Ao contrário: fez um monte de trapalhada e, por isso, destruiu esse maná que veio dos céus (ou mais especificamente da China).

Para Chico, a atual situação do país é “muito confusa” e o governo não tem como escapar de tomar medidas impopulares devido à crise econômica. O momento, avalia, também é de dúvida sobre o futuro do Brasil. “Não há nenhuma maneira de saber o que vai acontecer nos próximos anos.”

Mas uma coisa sabemos com mais convicção, quiçá certeza: que Chico e a esquerda caviar que ele tão bem representa continuarão mentindo, repetindo besteiras, atacando as “elites” das quais fazem parte, e defendendo o que há de pior na espécie humana, incluindo os maiores corruptos e tiranos do planeta. Só me resta, então, pegar emprestada a fantástica tirada do rei Juan Carlos direcionada ao bufão Hugo Chávez, outro desses que era reverenciado por gente como Chico: Por qué no te callas?

Rodrigo Constantino

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