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Ciro Gomes passa sufoco ao vivo no Jornal Nacional
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O candidato Ciro Gomes passou certo sufoco na entrevista ao “Jornal Nacional”, na TV Globo, esta segunda. Começou tendo que explicar suas declarações sensacionalistas sobre a Lava Jato, que ia receber “à bala” a turma de Moro se fosse preso “injustamente”, que cada um tem que ficar em sua “caixinha”. Como unir isso ao fato de que se diz um defensor do combate à corrupção?

Ciro tenta se vender como alguém que está na vida pública por quase quatro décadas e é honesto, sem acusações contra ele, mas não é bem assim. Ele e seu irmão já foram alvos de denúncias, e a quantidade de partidos por onde passou não deixa esconder seu oportunismo. Carlos Lupi, do PDT, denunciado por vários escândalos e réu da Justiça, foi defendido por Ciro como alguém sério em quem deposita “confiança cega”. Precisa dizer mais?

A postura dúbia em relação ao PT também foi apontada. Ciro já fez ataques virulentos aos petistas, e também já os defendeu várias vezes, de olho em interesses políticos. Lula, por exemplo, não é um Satanás, como alguns pensam, tampouco um Deus, como outros pensam. Lula “foi um bom presidente”, afirma Ciro. O sujeito que levou o Brasil na direção da Venezuela, que apoia Maduro até hoje, que destruiu nossa economia, que está preso por corrupção, esse foi, na ótica de Ciro, “um bom presidente”.

William Bonner apertou Ciro na questão do SPC, questionando a simplicidade da formulação da “proposta” do candidato. Traduzindo em miúdos, Ciro foi um demagogo populista, ao permitir que eleitores tenham a interpretação de que se trata de uma promessa para limpar o nome daqueles pendurados em dívidas. “Eu vou tirar o nome do povo brasileiro do SPC mesmo”, insistiu o pedetista. “É muito simples”, voltou a garantir apesar dos alertas dos entrevistadores. Eis o nível de nossos candidatos de esquerda.

O projeto de Ciro na área econômica está bem claro: o resgate do nacional-desenvolvimentismo, com o estado agindo de forma dirigista para “ajudar” o setor produtivo, tendo o setor financeiro como bode expiatório. É a velha demagogia tentada pelo próprio PT, que nos trouxe até o caos atual. A “retomada da industrialização”, na cabeça de Ciro, significa colocar o estado como locomotiva do progresso. Seu PDT, por exemplo, é contra as reformas trabalhistas, necessárias para flexibilizar o mercado de trabalho e ajudar a gerar emprego.

O “experiente” Ciro se mostrou incapaz de fazer alianças políticas, e foi cobrado sobre isso. Como aprovar projetos importantes no Congresso? Ciro quer levar propostas antes, como reduzir juros na marra, e se for eleito considera isso um “plebiscito” aprovado pelo povo. O “fusível” que ele apresenta são justamente plebiscitos, chamar o povo para votar, ou seja, uma “democracia direta”. Algo na linha venezuelana? Não parece absurdo supor isso, uma vez que Ciro chamou os opositores de Maduro de “fascistas”.

O retrato de um populista tentando parecer sério e preparado é o que emerge dessa entrevista. Se foi capaz de enganar mais alguns desatentos, não temos como saber. Mas acredito que a chance maior é de o público perceber o engodo. Já apostou por tempo demais em tipos como este, e colheu resultados terríveis. Alguma hora precisa dar um basta!

Rodrigo Constantino

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