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O socialismo é uma praga tão grande que pega um gigantesco poço de petróleo em formato de nação, como a Venezuela, e destrói completamente tudo em poucos anos. Não há furacão com tal poder destruidor. Não há tsunami capaz de causar estrago semelhante. Nenhum terremoto dentro da escala Richter teria condições de produzir tamanho caos.

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Mas se a Venezuela – e vários outros países – for descartada por já não ser um belo exemplo de nação decente e próspera, o mesmo não se pode dizer do “estado de ouro” da América. A California é riquíssima! Vem de lá o Vale do Silício, por exemplo. Só que nem mesmo um lugar tão rico assim consegue aguentar imune a anos de esquerdismo.

Em artigo publicado pelo LA Times, Kerry Jackson, do Pacific Research Institute, questiona por que a “liberal” California se tornou a capital da miséria na América. E apresenta bons argumentos, assim como dados estarrecedores, sobre a gradual decadência do estado dourado. Diz ele, em tradução livre, após constatar que é na California, não no Mississipi ou no New Mexico, onde há mais pobres, quase um em cada cinco habitantes:

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Não é como se os políticos da California negligenciassem a guerra contra a pobreza. Sacramento e os governos locais gastaram enormes montantes na causa. Vários programas de benefícios estaduais e municipais se sobrepõem uns com os outros; em alguns casos, indivíduos com rendimentos 200% acima da linha de pobreza recebem benefícios. Os governos estaduais e locais da California gastaram quase US$ 958 bilhões de 1992 a 2015 em programas de assistência pública, incluindo pagamentos de assistência em dinheiro e “outros programas de bem-estar público”, de acordo com o Census Bureau. A California, com 12% da população americana, é hoje lar de cerca de um em cada três dos beneficiários do estado no país.

Ou seja, se há tanta pobreza num lugar tão rico, não pode ser por falta de programas assistencialistas. Ao contrário: eles podem perfeitamente estar entre as causas do problema. E, de fato, estão. Assim como a mentalidade “progressista” em tudo mais, como nas regulações de trabalho, de energia, de impostos. Diz o autor:

No final da década de 1980 e início da década de 1990, alguns estados – principalmente Wisconsin, Michigan e Virgínia – iniciaram a reforma do estado de bem-estar social, assim como o governo federal sob o presidente Clinton e um Congresso Republicano. Unidos por um denominador comum de requisitos de trabalho, essas revisões foram um grande sucesso: os benefícios assistencialistas caíram e milhões de ex-beneficiários entraram na força de trabalho.

As burocracias estatais e locais que implementaram os programas anti-pobreza da California, no entanto, resistiram às reformas pró-trabalho. Na verdade, os beneficiários de auxílio estatal da California recebem uma parcela desproporcionalmente grande em desembolsos de caixa sem compromissos. É como se a reforma do “welfare state” tivesse passado longe da California, deixando uma armadilha de dependência no lugar. Os imigrantes estão caindo nela: 55% das famílias de imigrantes no estado obtêm algum tipo de benefícios, em comparação com apenas 30% dos nativos.

Além da imensa burocracia que se retroalimenta, há políticas equivocadas em diversos setores, como o imobiliário. Os condados e governos locais impuseram restrições ao mercado e os preços explodiram com a escassez de oferta. O ambientalismo também criou raízes fortes no estado. O California Environmental Quality Act, de 1971, pode acrescentar até $ 1 milhão ao custo de completar um projeto residencial. Vários projetos foram abandonados por conta disso. Um apartamento de quarto e sala em São Francisco pode custar mais de $ 1 milhão hoje…

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Segundo algumas estimativas, o custo energético na California chega a ser 50% acima da média nacional. Em 2012, quase um milhão de residentes da California gastavam mais de 10% de seu orçamento com energia. Para “ajudar” os mais pobres, o governo vem subindo o salário mínimo. Mas qualquer economista sério sabe que o tiro sai pela culatra. Um exemplo é a quantidade crescente de restaurantes fechando por não terem condições de arcar com os custos maiores. O autor conclui:

Com uma maioria permanente no Senado estadual e na Assembleia, um domínio prolongado no poder executivo e uma oposição fraca, os democratas da California têm estado livres para se dedicar à ideologia esquerdista enquanto pagavam pouco ou nenhum preço político. É improvável que o problema da pobreza do estado melhore, enquanto os políticos continuarem indispostos a liberar os motores da prosperidade econômica que levaram a Califórnia a seus anos dourados.

Ana Paula Henkel, ou do Vôlei, como é mais conhecida, mora em Los Angeles, e escreveu esse relato em seu primeiro artigo no Estadão:

A Califórnia já foi fiel aos ideais que construíram os EUA com uma respeitável história de alternância de poder e pluralismo, mas hoje sua guinada para a esquerda parece irreversível. O estado que deu dois mandatos de governador para Ronald Reagan (1967-1975), pavimentando o caminho de um dos grandes presidentes da história para a Casa Branca, é hoje uma mera lembrança. A vitória de Arnold Schwarzenegger, um republicano “só no nome” que governou como democrata, serviu como canto da sereia da sanidade na política californiana. O atual mandatário, Jerry Brown, é um esquerdista de fazer nossos petistas parecerem moderados.

Idéias têm consequências. Por aqui, temos algumas das mais altas taxas de impostos do país, o que está afugentando empresas e investidores, incluindo a elite de Hollywood que faz filmes e discursos lacrimosos na festa do Oscar, defendendo apaixonadamente as pautas econômicas e sociais da esquerda, enquanto busca paraísos fiscais em outros estados. Matt Damon, Di Caprio, George Clooney ou Meryl Streep, como qualquer outro esquerdista, adoram impostos para os outros.

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Os centros de ensino mais importantes do estado, como a Universidade da Califórnia que frequento há 5 anos como aluna, são hoje palco das mais absurdas demonstrações de intolerância contra qualquer pensamento fora do que é permitido pela extrema-esquerda acadêmica. O campus de Berkley da UC, um dos mais conhecidos do mundo, é palco comum de atos de vandalismo contra palestrantes não-esquerdistas, numa escalada de violência que não pode mais ser ignorada e levanta questões muito sérias sobre esta geração de formandos que pode influenciar o mundo nas próximas décadas.

A California é um experimento “progressista”, e o esquerdismo não funciona em qualquer lugar do mundo. O fato de ter muita riqueza permite uma tolerância maior por parte dos californianos, mas o custo da aventura “liberal” já tem sido alto demais, e evidente demais. Até quando a população local vai dar ouvidos aos “intelectuais” de extrema-esquerda nas universidades e aos famosos de Hollywood? Até quando o povo vai brincar de socialismo por lá? Até a California ficar indistinguível do vizinho México?

PS: Desnecessário dizer que a decadência californiana nos remete ao caso do Rio de Janeiro no Brasil, dominado pela mentalidade esquerdista, pelo Projaquistão, pelos “intelectuais” que adoram o PSOL. A diferença é que não temos um Vale do Silício para compensar parcialmente o estrago causado pelas ideias “progressistas”. Então o Rio afunda mais rápido…

Rodrigo Constantino