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Contagem regressiva: janela de oportunidade para reformas é pequena e Temer precisa agir rápido
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Michel Temer quer – e tem a chance de – entrar para a História como aquele que recolocou o Brasil nos trilhos, após a maior crise já vista causada pelo governo petista (do qual era sócio, não vamos esquecer). Para tanto, ele precisa aprovar algumas reformas importantes, que estão aquém do que necessitamos, mas apontam na direção certa, ao menos. Uma boa equipe econômica para liderar esse processo de reformas ele já indicou. Mas se não conseguir resultados concretos logo, tudo desmorona em pouco tempo.

Tais reformas precisam ser aprovadas num contexto de baixa popularidade e forte mobilização das massas de manobra pelos sindicatos e partidos de esquerda. Ou seja, não bastasse a enorme herança maldita, a dificuldade de contrariar os próprios políticos e os grupos de interesses na perda de privilégios, e o curto espaço de tempo, tudo isso deve ser feito sob o barulho e a pressão dos “manifestantes” nas ruas. E a lua de mel com o mercado, acalmado pelos discursos e pela equipe escolhida, tem prazo de validade.

O professor Rogério Werneck escreveu em sua coluna hoje sobre essa contagem regressiva que pressiona o presidente. Não há tempo a perder, apesar de tudo ter de ser bem jogado para passar no Congresso. O desafio é enorme, e não há garantias de que Temer será bem-sucedido. Se ele achar que essa calmaria dos mercados irá se sustentar até 2018, sem a aprovação efetiva de reformas relevantes, vai dar um tiro no pé – dele e do Brasil todo. Diz Werneck:

Com o desfecho do impeachment, começa a se abrir ao governo Temer a janela de oportunidade com que contava para aprovar no Congresso medidas que tornem crível uma mudança paulatina do regime fiscal. Sem que tal mudança possa ser vislumbrada, não haverá como tirar a economia do atoleiro em que se encontra. Para que tenha sucesso nesse desafio, Temer não poderá alimentar ilusões sobre quão exíguo é o tempo com que efetivamente conta e quão graves serão as consequências se, aos poucos, ficar claro que ele não terá condições de aprovar as medidas que contempla.

É preciso ter em mente que a janela de oportunidade promete ser bem mais curta do que os 28 meses de mandato que o presidente ainda tem pela frente. Sem ir mais longe, basta perceber que, com a mobilização dos parlamentares com as eleições municipais, o Congresso entrou em “recesso branco”. E que a perspectiva de disputa em segundo turno em boa parte das maiores cidades do país sugere que tal mobilização pode se estender até o fim de outubro. Só então, estará de fato aberta a janela com que contará o Planalto para aprovar as medidas requeridas. Mas não por muito tempo. Serão 12 meses ou pouco mais.

[…]

Será um grave erro, contudo, se Temer ficar tentado a acreditar que a simples excelência da equipe econômica será suficiente para manter esse processo de desestabilização ao largo. E que a equipe é o salvo-conduto que lhe basta para uma travessia segura até o fim do mandato.

O presidente precisa ter em mente que, finda sua interinidade, foi disparada uma contagem regressiva do prazo com que conta para que seu esforço de mudança de regime fiscal se traduza em resultados convincentes. E que a demora em apresentar tais resultados implicará inexorável aceleração dessa contagem regressiva.

O PT deixou uma bomba-relógio armada, e ela faz tic-tac com frequência cada vez maior. A ausência de reformas será o gatilho para detonar a explosão. Ou o governo Temer envia logo – e aprova – as reformas previdenciária, trabalhista e do teto dos gastos, ou vamos afundar de vez. O Brasil não tem tempo a perder com essa gritaria oportunista dos milicianos de esquerda, mobilizados justamente pelos sindicatos e políticos afetados negativamente pelas reformas necessárias para o país. #BoraTemer!

Rodrigo Constantino

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