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Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal

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Nesse Natal um post no Facebook de Carlos Goes me deixou intrigado. Lá, na noite de Natal, podia-se ler:

Tonight many of you celebrate the story of undocumented Middle Eastern refugees who fled their homeland running away from a tyrannical government. Would you have let them into your country?“, ou numa tradução livre “Nessa noite muitos de vocês celebram a história de refugiados sem documentos do Oriente Médio que partiram de sua terra natal fugindo de um governo tirânico. Vocês os deixariam entrar em seu país?”.

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Confesso que tenho dúvidas sobre a adequação dessa analogia. Creio que outras poderiam representar melhor o ponto do autor, que em sua essência me parece muito bom. Para evitar controvérsias desnecessárias, vamos ao ponto mais central do cristianismo: amar a Deus, e amar ao próximo. Essa é sem sombra de dúvidas o centro nervoso do Cristianismo: a necessidade de amar a Deus, e como Deus é o criador de todos os Homens devemos amá-los também. A implicação disso é que um cristão deve amar inclusive seus inimigos. Ora se devemos amar ao próximo, e seguindo a parábola do bom samaritano, não deveríamos ser favoráveis ao acolhimento de refugiados em nosso país? Foi isso que me deixou intrigado, pois creio que a política de migração de alguns países europeus (de portas abertas aos refugiados) é um erro. Isto é, será que sou um cristão que se encontra em oposição direta a um mandamento de Deus?

Isso me deixou pensativo. E creio que vale a reflexão de todos os cristãos. Claro que como ser humano sou repleto de falhas, sou um pecador daí a necessidade de nossa confissão. Entre os meus pecados estão sem sobra de dúvidas minha incapacidade de amar bandidos, terroristas, e canalhas, mas também falho ao ser incapaz de amar pessoas que não conheço. Claro que sinto uma dor enorme vendo a precária situação dos refugiados islâmicos que tentam entrar na Europa. Claro que me choquei com a imagem da criança síria morta afogada quando a balsa de seus pais afundou. Mesmo assim continuo contrário a política de portas abertas para a imigração ilegal e para refugiados que não possam comprovar documentos básicos, ou sobre os quais pesem dúvidas honestas em relação a sua capacidade de aceitar as liberdades e diversidade do mundo ocidental.

Quando Deus nos pediu para amar ao próximo como se fosse a nós mesmos ele nos deu também um dever: o dever de proteger o próximo. E aqui a lição sobre refugiados é dúbia. Devemos proteger os refugiados ao custo de nossa própria sociedade? Devemos abrir as nossas fronteiras para que terroristas disfarçados de refugiados entrem e disseminem o terror em nossa sociedade? Claro que a absoluta maioria dos refugiados é composta por pessoas de bem, mas aquela minoria de terroristas tem potencial de causar estragos grandes.

O post de Carlos Goes nos alerta para um problema sério: ao barrarmos refugiados islâmicos sem documentos podemos estar cometendo injustiças, podemos estar falhando em nosso dever de cristãos. Contudo, é igualmente verdade que aceitar tais refugiados não é isento de custos. E é igualmente verdade que ao aceitar refugiados poderemos estar falhando igualmente em nosso dever cristão de proteger ao próximo. Cristo nos diz para darmos a outra face quando formos agredidos, mas em momento algum ele nos manda dar a outra face mediante injustiças perpetradas a terceiros.

Creio que, de maneira geral, o cristão tem todo direito de ser contrário a política de portas abertas a refugiados. Como ser humano quero proteger minha família e a sociedade na qual vivo, e estou disposto a fazer sacrifícios em sua defesa. Se devo amar meu inimigo isso não significa que devo amar menos minha família. Se devo amar o refugiado islâmico isso não significa que devo aceitar de bom grado a destruição dos valores e do legado cristão. Em minha modesta opinião é isso que ocorre hoje: os terroristas islâmicos ameaçam destruir nossa sociedade, nosso modo de vida, e nossa liberdade. Sendo assim, é nosso direito nos defender de tal ameaça. Infelizmente, em minha opinião, tal defesa nos leva a restringirmos a política de portas abertas a imigração.

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Os inimigos da sociedade aberta tentam usar o que temos de melhor (nossa liberdade e tolerância) para nos destruir. É necessário não cair na armadilha do terrorista que tenta usar nossos valores mais nobres para nos destruir. Não existe mérito, e nem nobreza, em ser tolerante para com os intolerantes.