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Por Jenifer Castilho, publicado pelo Instituto Liberal

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Certa vez, eu estava na plateia de uma apresentação de uma tese de mestrado quando um dos valiadores falou para o avaliado as seguintes palavras: tome cuidado com a generalização. No seu texto, aparece muito as palavras “nunca”, “sempre” e “todos”. Refleti sobre aquele conselho e resolvi levar não só para os meus textos, mas também para a minha vida. Então, tentarei não generalizar.

Recentemente tem se falado muito sobre estupro nas redes sociais, frases como “todo homem é um estuprador em potencial” ou “eu luto contra a cultura do estupro” choveram na timeline de muitos como a chuva na Amazônia. Até mesmo artistas, seguidos por milhares de adolescentes e, sem dúvidas, formadores de opiniões, publicaram tais frases culpando todos os homens pela responsabilidade desse ato repulsivo.

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Primeiramente, me questionei em como as pessoas estavam lutando contra o estupro ou a tal “cultura do estupro” apenas fazendo textos ou trocando a sua foto do perfil do Facebook, mas foi em meio a esse movimento nas redes sociais que finalmente entendi o real perigo da generalização. Quando se diz ou concorda que todo homem é potencial estuprador, além de vulgarizar também suaviza-se o termo “estupro”. Quando se afirma que com um olhar o homem está abusando de você, você está suavizando o termo “abuso”. Quando você diz que ao receber uma cantada na rua de homem, está sofrendo violência machista você suaviza o termo “violência”.

O que quero dizer com “suavizar”? Quero dizer que quando alguém realmente for estuprada, machucada, sofrer violência, abuso, for levada à força para a cama, vão simplesmente achar que foi só mais uma olhada ou cantada que deram na rua e a vítima ficou histérica.

Perceba que em nenhum momento estou dizendo que tais costumes e práticas não são falta de respeito ou não incomodam. É claro que incomoda o fato de passar por uma obra e ouvir várias gracinhas, mas, ao invés de fazer os chamados “textões” no Facebook, simplesmente procuro atravessar a rua. Porém, desrespeito e abuso sexual são coisas distintas. Quando um psicopata estupra alguém ele está abusando sexualmente dela e desrespeitando, mas quando um indivíduo é desrespeitado não necessariamente está sofrendo assédio sexual ou estupro. E o que é a “cultura do estupro”?

De acordo com a ONU mulheres é o termo usado para se referir à maneira em que a sociedade culpabiliza a vítima e suaviza o comportamento dos homens. Por exemplo, quando alguém justifica o estupro dizendo que a vítima não deveria ter saído com uma roupa tão curta. Existe, sim, uma minoria que tem esse pensamento, mas é inaceitável generalizar e colocar isso na conta da sociedade inteira. Não é preciso ser feminista nem mulher para ser contra o estupro.

Qual é a real cultura do estupro em nosso país? Quando um estuprador cai nas mãos da sociedade, ele é linchado até a morte e quando a polícia consegue chegar primeiro e o coloca na cadeia, o estuprador é linchado pelos próprios detentos. A sociedade em sua maioria esmagadora não tolera tal ato. A sociedade entende que se uma mulher é estuprada, a culpa não é do machismo, nem da roupa que ela veste e nem de todos os homens, a culpa é do psicopata que praticou o ato, assim como a pedofilia não é culpa da beleza e da vulnerabilidade da criança.

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Infelizmente para as feministas de plantão que culpam os homens por tudo de ruim que acontece no mundo (generalizei de propósito), desde os primórdios, os homens sempre foram nossos protetores. Na idade da pedra, nossos ancestrais viviam em comunidades isoladas uma das outras e elas eram cercadas por feras, animais selvagens e perigos, a sobrevivência dependia da caça, pesca e dos frutos e a ordem social era a seguinte: os homens saiam em grupos, armados com lanças improvisadas enquanto as mulheres ficavam dentro das cavernas protegidas cuidando dos bebês. Na idade dos metais, os homens carregavam pedras, aravam a terra, defendiam os portões das cidades enquanto as mulheres estavam no artesanato, cozinhavam e cuidavam das crianças. Até que surgiram os Grandes Impérios, e quando o Imperador queria dominar mais territórios enviava os homens no exército. E as mulheres, onde estavam? Cuidando dos filhos, cozinhando e tecendo. E a frase “mulheres e crianças primeiro” foi dita por um homem que também estava em um famoso navio. Durante toda a história, isso aconteceu: o homem era o provedor, o cuidador. A mulher: a mãe, a cuidadora, a protegida.

E se todo homem deve ser considerado um estuprador em potencial porque alguns marginais o são, então todas as mulheres devem ser consideradas prostitutas porque algumas vendem seus corpos? E só porque na favela existe alguns bandidos quer dizer que todo favelado é vagabundo? Cuidado com a generalização. Cuidado com os estereótipos.

*Jenifer Castilho é estudante de Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

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