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A religião do arco-íris pode ser imposta?
A religião do arco-íris pode ser imposta?| Foto:

O estado deve ser laico, sem dúvida, e essa foi uma conquista liberal, diga-se de passagem. Mas o que representa um estado laico na prática? Um estado que não adota uma religião oficial, que não impõe ao povo determinada fé ou crença.

Certamente não quer dizer um estado em que seus funcionários não possam ter uma religião predominante ou que os cidadãos não possam levar suas crenças mais essenciais em consideração na hora de defender políticas públicas.

Nesse caso, o estado não seria mais laico, e sim antirreligioso. E é exatamente isso que a esquerda “progressista” deseja: abolir as religiões, extirpar qualquer resquício do cristianismo de cena, para que a hegemonia de sua seita seja plena.

Daí o ataque constante da elite esquerdista a tudo que remeta ao cristianismo em política. O duplo padrão é evidente e salta aos olhos: qualquer parceria mínima entre estado e igrejas é logo denunciada como golpe mortal no estado laico, pelos mesmos que não se importam em ver ONGs (que ignoram a letra N) “progressistas” vivendo à custa do erário.

Movimentos raciais, feministas, LGBTQTYZ ou supostamente representando qualquer outra “minoria” devem ser não só recebidos por governantes como, de preferência, exercer muita influência no poder. Uma bancada dos gays ou das feministas é tida como símbolo do avanço de uma nação, mas uma bancada cristã é tida como sinal de grande retrocesso obscurantista.

Não é o estado laico em si que a esquerda defende, e sim um estado contra o cristianismo, mas que abrace com fervor dogmático a agenda “progressista”, a mesma que costuma cuspir nos principais valores tradicionais do Ocidente.

Essa reportagem de hoje na Folha deixa claro esse viés, fruto do preconceito. O subtítulo já expõe o ranço ideológico: “Ex-governador e ex-prefeito de SP, hoje candidatos pelo PSDB, receberam religiosos regularmente”. Isso, por si só, já é considerado pecado mortal pelos jornalistas. Mas receber líderes de movimentos “sociais” e de “minorias”, por outro lado, é uma obrigação em prol do “progresso”.

Grupos que pregam a banalização do aborto, a ideologia de gênero, a sexualização precoce das crianças ou mesmo a suavização da pedofilia deveriam não só ter livre acesso aos governantes, como receber verbas públicas e influenciar nas políticas de estado. Mas receber pastores evangélicos que querem defender a família? Absurdo, obscurantismo e ameaça ao estado laico!

Um trecho da matéria expõe a coisa: Com o grupo cantarolou “Te Agradeço”, da banda gospel Diante do Trono. Música para os ouvidos dos convidados foi mesmo o discurso que deu ainda à mesa. “O que temos pedido para o candidato que apoiaremos é: defenda a família”, diz à Folha outro presente, o apóstolo Cesar Augusto (Igreja Fonte da Vida).

Na cabeça do jornalista, deve ser a coisa mais atrasada do mundo demandar o apoio de um político à família. Onde já se viu alguém tão obtuso? Onde isso vai parar? Se o sujeito fica exigindo que seu candidato defenda a família, amanhã ele poderá ser contra uma lei liberando e regulando o bacanal transmutado em “poliamor” como casamento regular e oficial. Um bárbaro desses, vejam só, poderá ser contra até mesmo o direito de alguém casar com sua cabrita!

Já escrevi textos mostrando que, no contexto atual de guerra cultural, com a esquerda declarando guerra aos valores ocidentais mais básicos, os evangélicos passaram a representar quase a única barreira a tal projeto revolucionário em curso. Nesse aqui, mostro como os evangélicos são foco de resistência contra “progressistas” imorais, e nesse outro faço uma defesa, ainda que acanhada, dos evangélicos na política. Eis alguns trechos:

Do meu ponto de vista, esses evangélicos merecem nosso respeito e apoio, pois estão resistindo a uma horda de bárbaros revolucionários que juram representar o ápice da civilização, mas que defendem um “progresso” que nos levaria de volta ao estágio animalesco de puro instinto carnal. Quebrar todos os tabus não é progresso ou civilização, mas seu oposto: é barbarizar a humanidade.

Sejamos francos: os evangélicos são alvos de profundo preconceito por aquela elite “descolada” que supostamente não tem preconceito algum. Eis um fato inegável. Basta ler os artigos na imprensa, conversar por alguns minutos com qualquer membro da esquerda caviar. Para essa turma, os evangélicos não passam de uma massa ignorante e alienada vítima do oportunismo de bispos como Edir Macedo, da Igreja Universal.

Ora, sejamos honestos: deveria alguém deixar totalmente sua fé de lado na hora de pregar medidas políticas? Mas e se seu código de moral deriva dessa fé religiosa? Questões como o aborto, as drogas, a “identidade de gênero”, são sempre delicadas. A esquerda leva sua visão de mundo para o debate, uma visão ideológica, para não dizer “religiosa”, mas o evangélico não pode se manifestar como evangélico? Não pode condenar o aborto por considerá-lo um crime contra a vida humana, um pecado? E o “progressista” pode banalizar o aborto na boa, como se o ovo da galinha valesse mais do que o feto humano?

Em suma, se temos uma esquerda organizada, ideológica, religiosa, tentando usar o estado para impor à força sua visão tacanha de mundo, e se os evangélicos representam um obstáculo a esta agenda podre, uma grande barreira, então não vou ajudar os “progressistas” a destilar preconceito contra os crentes e deixar o caminho livre para seu totalitarismo socialista. Posso discordar de muitas coisas que vejo nessas igrejas evangélicas, mas sinto ojeriza do que observo nesses movimentos coletivistas em nome das “minorias”.

Espero que um dia as escolhas não sejam tão limitadas assim, especialmente pela ótica de um liberal clássico. Mas entre Crivella e Freixo, fico com Crivella. Entre Silas Malafaia e Lula, fico com Malafaia. Entre o pastor Everaldo e Chico Alencar, é o pastor na cabeça! Entre Bolsonaro e Jean Wyllys, claro que vou de Bolsonaro! E por aí vai.

Essas escolhas não representam, obviamente, a legítima direita que defendo, tampouco um conservadorismo que mereça tal rótulo. Ainda assim, chamando do nome que quiser, é bem menos pior do que o lulopetismo, o socialismo, o “progressismo” hedonista e imoral dessa esquerda radical que vinha controlando a política, a imprensa e a cultura no país há décadas. Detonar os evangélicos, hoje, significa ajudar essa corja, e isso eu não vou fazer nunca.

Portanto, caro leitor, muito cuidado com jornalistas e formadores de opinião em geral que detonam os evangélicos e católicos sob o manto da defesa do estado laico. Você pode estar diante de um oportunista que, no fundo, não quer um estado laico, mas sim um estado “progressista” que endosse a religião socialista enquanto despreza o cristianismo, pilar da nossa civilização.

Rodrigo Constantino

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