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Deu bilhão sim, só no acordo de leniência da Andrade Gutierrez
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Irresistível lembrar da empáfia de Ciro Gomes naquele velho “debate” comigo, em que o político mais vira-casaca do país (mas sempre do lado errado) questionou onde cortar um bilhão dos gastos públicos, “um bilhãozinho só”, dando a entender que era fácil falar em corte de gastos, mas difícil fazer. Ciro é de esquerda, oportunista, é verdade, mas de esquerda, e não acredita que o estado brasileiro seja tão inchado assim como acusam os liberais.

Pois bem: apenas num acordo de leniência entre a Andrade Gutierrez e a Justiça, a empresa pagará uma multa de um bilhão de reais. Deu bilhão! Na verdade, já deu até trilhão, se somarmos todos os desperdícios do governo petista ao longo desses anos. Bilhão virou trocado em Brasília, migalha perto das somas astronômicas que somem pelos ralos públicos. Eis a notícia:

O juiz federal Sérgio Moro homologou, na última quinta-feira, o acordo de leniência da Andrade Gutierrez pelo qual a empresa se compromete a pagar indenização de R$ 1 bilhão. A negociação com o Ministério Público Federal foi iniciada em outubro de 2015.

No início de abril, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), já tinha homologado a delação premiada de 11 ex-executivos da Andrade Gutierrez. Entre os depoimentos homologados estão as colaborações do ex-presidente Otávio Marques de Azevedo e do ex-executivo da construtora Flávio Barra.

O ministro do STF ainda não levantou o sigilo das delações. Mas, segundo fontes, os executivos relataram nos depoimentos que a companhia realizou pagamentos diretos à empresa contratada pela campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010. Azevedo contou ainda que sua empresa participou de esquemas em outras obras, além da Petrobras, como estádios da Copa do Mundo e obras relacionadas à Usina de Belo Monte.

Os delatores também afirmaram que recursos de propina abasteceram a campanha à reeleição da petista em 2014. São citados nominalmente os ministros da Secretaria de Comunicação do Planalto, Edinho Silva, e da Secretaria de Governo Ricardo Berzoini, além do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e do ex-ministro Antonio Palocci.

Quer cortar bilhão, muitos bilhões? Então o único caminho é reduzir o escopo do estado. Não há mágica. O governo petista, defendido por Ciro Gomes, foi o responsável por um aumento impressionante do estado brasileiro, o que explica, além da corrupção desmedida, sequela disso, a gastança desenfreada que levou o país à bancarrota. E Ciro acha complicado falar em corte de gastos… de um bilhão?

A Andrade Gutierrez divulgou hoje, nos jornais, um pedido público de desculpas, em que assume a responsabilidade pelos erros e propõe, ainda, algumas medidas de aumento de controle nas obras públicas. Segue um trecho:

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As propostas apresentadas visam à maior transparência da coisa pública, o que é desejável, mas não ataca a raiz do problema. O governo brasileiro é grande demais! Enquanto quase 40% do PIB circular por Brasília, de forma concentrada ainda por cima, a tentação de acordos espúrios e por baixo dos panos será irresistível. Mecanismos que reduzam a impunidade são importantes, como a transparência no processo de licitação. Mas não bastam.

Os gastos governamentais devem ser menores, descentralizados, e os recursos produzidos pela iniciativa privada devem ficar majoritariamente com a própria iniciativa privada. Quanto menos o governo tiver de bancar o empresário e o gestor de obras, melhor. Governo deveria cuidar de segurança e justiça, e talvez contribuir com o financiamento de escola e saúde para os mais pobres. Mas um governo que assume o papel de locomotiva do progresso e da “justiça social”, ao gosto da esquerda, será sempre um governo perdulário e corrupto.

Se só uma empreiteira, a título de acordo com a Justiça, paga um bilhão de reais em multa, imagine-se o que não rola por aí debaixo das lentes públicas. Quando participei daquele “debate” com um truculento e deselegante Ciro, cheguei a mencionar a simbiose com as ONGs como um claro lugar para cortar não um, mas alguns bilhões. O problema é que tem muita gente se beneficiando desse inchaço estatal. Essa gente está toda na esquerda, como o próprio Ciro Gomes. Daí o amor pelo governo gastão…

Rodrigo Constantino

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