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Eleição tem tudo para ser um plebiscito sobre lulopetismo, o que ajuda Bolsonaro
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A julgar pelas novas pesquisas – e lembrando que elas não são tão confiáveis assim, pois sempre dão um jeito de ajudar os esquerdistas – Fernando Haddad está mesmo conseguindo absorver votos de Lula, enquanto Ciro, Marina e Alckmin seguem empacados. Isso embola todo o meio de campo para definir quem estará no segundo turno com Bolsonaro, que por sua vez apresenta um índice de rejeição elevado.

Aqueles que apostavam numa velha disputa entre PT e PSDB estão se dando conta de que isso será um quadro improvável. A máquina do establishment tem muito poder, mas ele é limitado. O fenômeno novo é justamente a demanda por outsiders, por alguém de fora dessa patota, sem medo de falar o que pensa, sem o freio do politicamente correto, sem ceder às pressões da mídia “progressista”.

Em outras palavras, só há espaço para um do establishment, e o outro deverá ser mesmo Jair Bolsonaro. O candidato que mais tem a cara (e o corpo) do establishment é, sem dúvida, Geraldo Alckmin. Mas o chuchu parece um besouro e não consegue voar. A prisão de Beto Richa no Paraná, o “Piloto” da planilha de propinas da Odebrecht, em nada ajuda o “Santo”. Alckmin parece fadado a permanecer nessa zona dos 10%.

Ciro Gomes, o destemperado desenvolvimentista, e Marina Silva, a monótona ambientalista “paz e amor”, parecem ter atingido seus respectivos tetos também. O único, portanto, com condições de continuar crescendo é Haddad, o novo “poste” de Lula, o presidiário. As denúncias de Palocci, de que Lula agiu “diretamente” em pedido de propina na compra de caças suecos, não deveria ajuda-lo. Mas sabemos como esses eleitores operam: ignorando qualquer aspecto ético. Ou são ignorantes demais que só lembram da fase melhor quando Lula era presidente, ou são cúmplices no butim e lutam pela manutenção das tetas estatais.

E eis que chegamos ao cenário que vai se desenhando como mais provável: Haddad x Bolsonaro no segundo turno. Se ficar claro que é esse o caso, muitos eleitores vão, em minha opinião, optar pelo voto útil já no primeiro turno, até porque, com a alta rejeição, pode ser suicídio correr o risco de derrota para o PT. Seria o caos, o dólar acima de R$ 6, a Venezuela batendo à porta.

Esquerdistas moderados, como Demétrio Magnoli, podem alimentar a esperança de que Haddad no poder se afastaria do velho lulopetismo. Mas isso não passa de uma perigosa ilusão. O PT viria com sede de vingança, seria Lula no comando, naturalmente, e o Brasil afundaria de vez. Não há qualquer possibilidade de Haddad se descolar de seu mestre. Basta ver o grau de submissão e humilhação a que ele se presta durante a campanha. Quem manda é um só: o capo, direto da prisão.

O povo sabe disso, não é tão trouxa como certos sociólogos ou antropólogos. A classe média trabalhadora entende bem o que significaria uma vitória do PT. E se o filme for se desenrolando nessa direção mesmo, então a eleição será um plebiscito sobre o lulopetismo. De um lado, aqueles que não ligam para todos os crimes cometidos pela quadrilha, que não conseguem associar causa e efeito entre trapalhadas petistas e mega crise econômica, que viram as costas para nossas instituições e nossa Justiça, enfim, os defensores do modelo venezuelano. Do outro lado, aqueles que rejeitam tudo isso, independentemente de considerarem Bolsonaro um bom nome ou não.

Claro, ainda há outro aspecto nesse quadro: após a facada que quase lhe tirou a vida, Bolsonaro pode se reinventar como um estadista mais humano, como alguém que é vítima, em vez de um terrível machista homofóbico autoritário, como a mídia o pinta faz tempo (com alguma ajuda do próprio). Se ele fizer isso com sucesso, vai reduzir a rejeição, principalmente entre o público feminino. Até porque convenhamos: chega a ser ridículo acusar Bolsonaro de “radical” quando ele está concorrendo com uma marionete de um bandido condenado e preso que deseja transformar o Brasil numa Venezuela!

Juntando tudo, se ficar mais evidente que a disputa será entre Haddad e Bolsonaro, e que há um risco intolerável de o PT voltar ao poder em 2019, acredito que muitos vão abandonar suas escolhas primárias e migrar o voto para o capitão, como um grito desesperado contra o lulopetismo. Aquele mais de centro que pretendia votar em Alckmin pode mudar. Aquele mais liberal encantado com o novo pode mudar. E sabemos do tal “voto envergonhado” também, pois muitos têm receio de admitir o voto no “mito”, já que em determinados círculos isso é sinônimo de declarar que enforca gays em praça pública.

O resumo da ópera é que, se aumentaram as chances de Haddad passar para o segundo turno, também aumentaram as chances de uma vitória já no primeiro turno de Bolsonaro. Confesso que nunca acreditei nessa hipótese, até por conta da grande fragmentação, com muitos candidatos concorrendo. Mas essa imagem de um retorno da máfia petista ao poder é forte demais, aterrorizante, e muitos vão simplesmente perguntar: quem tem mais chance de derrotar o PT? A resposta é clara: Jair Bolsonaro.

Rodrigo Constantino

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