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A esquerda vive de seus mascotes e não liga para pessoas reais
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A essa altura, muitos já perceberam que esquerdismo é sinônimo de hipocrisia, de inversão dos fatos. A esquerda se vende como a mais, a única sensível, preocupada com os mais pobres, com as “minorias”. Monopoliza as virtudes e os fins nobres. E é tudo da boca para fora. Na prática, sempre se mostrou a mais insensível, a ponto de usar as pessoas de carne e osso, que jura defender, apenas como seus mascotes, como massa de manobra, instrumento de poder.

É algo asqueroso, e apesar de eu ler muito sobre esquerdismo, não deixo de ficar perplexo e enojado sempre que vejo essa postura em ação. Os esquerdistas adoram a pobreza, a miséria, pois vivem dela. Só querem saber dos símbolos, das abstrações, das narrativas. Habitam o mundo da estética, não dos resultados concretos. E não medem esforços na propagação de sua ideologia.

Quando Amarildo (alguém da esquerda ainda lembra dele?) sumiu nas mãos da polícia carioca, foi um escarcéu. A esquerda farejou ali a oportunidade de ouro para avançar com sua pauta contra a polícia “fascista”. Artistas engajados fizeram festinha para arrecadar fundos para a família de Amarildo. Ficaram com o grosso, como se soube depois, e a esposa do “pedreiro”, vista claramente sob efeito de drogas dando pitos em policiais na favela, continuou em sua miséria. Mas serviu à causa da esquerda.

À época, escrevi uma coluna no GLOBO sobre o assunto, condenando a postura dos artistas, alegando que a esquerda caviar não ligava de fato para Amarildo. Era apenas um mascote, mais um, a ser usado para a agenda socialista. E eis que agora temos a mais nova mascote da esquerda caviar: a menina supostamente vítima de um estupro coletivo no Rio. Virou o mais novo símbolo da esquerda, a ser usada e abusada, não sexualmente, mas politicamente, ideologicamente.

Esse foi o tema da coluna de Reinaldo Azevedo na Folha hoje. Após discorrer sobre a opacidade do conceito de “cultura de estupro”, expressão que passou a ser usada por muitos sem a menor preocupação com sua definição objetiva – um simples assobio ou uma cantada inocente e um galanteio já se tornam evidências da tal “cultura” -, Azevedo mostra como a menina serviu somente de pretexto para outras pautas “progressistas”:

Eu me dei conta, então, de que a indefinida “cultura do estupro” praticamente vem junto com o pênis, menos, obviamente, no caso de machos superiores como Marcelo Freixo. Ele até pode pertencer a um partido que teve como ideólogo e fundador um sujeito que pôs fogo em crianças, mas, justiça se lhe faça!, seu baixo ventre não é dotado das mesmas intenções criminosas do da maioria dos outros machos. Que bom!

Não tardou para que os manifestantes lançassem palavras de ordem “contra o golpe”, contra Eduardo Cunha e, ora vejam, em defesa do aborto, cuja descriminação passou a ser considerada uma causa contígua à do fim da… cultura do estupro! E eu pude, então, como no poema, ver em alguns cartazes abrir-se “a vereda para a terra dos mortos”. Ali também se reivindicava a volta do governo que produziu, junto com o maior assalto aos cofres públicos de que se tem notícia, a maior recessão da história.

Que coisa!

Àquela altura, a garota cuja história motivou o protesto já era menos do que um meme da internet. Tinha se tornado apenas o pretexto para um feixe de causas. As esquerdas só mataram tanta gente e com tanta determinação porque nunca se interessaram por pessoas reais. A estuprada, assim, deixou de ser uma pessoa para ser um estandarte: pelo fim da cultura do estupro, pela volta de Dilma, pela descriminação do aborto…

Tempos bárbaros.

Sim, tempos bárbaros, em que os mais “civilizados”, os “inteligentinhos” de que fala Luiz Felipe Pondé, não se importam de usar uma adolescente, que estava indo pelo caminho errado na vida e acabou pagando um preço muito alto por isso, como simples mascote. Ninguém liga para ela de verdade. Ninguém se importa em saber como vivia, como vai viver agora. Vislumbram ali somente a chance de mais pontos na narrativa de esquerda, nada mais. É como Dom Hélder Câmara fazia com a fome no nordeste, ou como tantos artistas fizeram com o distante Vietnã. Nelson Rodrigues cansou de expor tal hipocrisia da “festiva”.

A mesma esquerda que fomenta a cultura do funk, com suas letras machistas e chulas, a subversão de valores morais, a impunidade, a inimputabilidade dos marginais menores de idade, o hedonismo, a banalização do aborto, o sexo “livre” e cada vez mais precoce, mostra-se horrorizada com uma cantada na rua ou os olhares masculinos voltados para peitos nus durante “protestos”, de feministas que, pasmem!, dizem combater a ideia de “mulher-objeto”. Querem provocar cada vez mais, e querem machos cada vez mais indiferentes, afeminados. É tudo muito estranho, muito bizarro, incoerente.

Só posso dar razão ao psiquiatra Lyle Rossiter, que concluiu, após seus estudos, ser mesmo o esquerdismo um caso patológico de desvio de caráter.

Rodrigo Constantino

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