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“Todo o problema do mundo é que os tolos e fanáticos estão sempre tão certos de si, mas os mais sábios estão cheios de dúvidas”. (Bertrand Russell)

Muitas pessoas condenam – com razão – o fanatismo religioso. Mas o problema não é a religião em si, que já serviu para produzir justificativas para muita violência e sangue, e também para muita coisa bela. Erram aqueles que sonham, como fazia o romântico John Lennon, com um mundo sem religião que seria pacífico. O problema é o fanatismo em si, não a religião. Há fanáticos no futebol, fanáticos ideológicos, ateus fanáticos etc.

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Dito isso, leio com profunda tristeza a notícia de que a menina esfaqueada por um maluco em Israel faleceu. A adolescente tinha apenas 16 anos, e estava na Parada Gay de Jerusalém. A polícia identificou e prendeu o extremista, Yishaï Shlissel, um colono ultraortodoxo que havia saído da prisão há três semanas após cumprir 10 anos por um ataque similar que deixou três feridos na parada de Jerusalém em 2005.

Algumas pessoas não lidam bem com as mudanças de comportamento no mundo. Nem todas são para melhor, claro. Mas a conquista que os homossexuais obtiveram nas últimas décadas me parece um caso claro de mudança positiva. Se o pêndulo está extrapolando para o outro lado e o movimento gay se transformou em algo bem diferente hoje, como penso, é outra questão. Mas alguém achar que o mundo era melhor quando a “pederastia” era punida como crime, isso é bizarro.

Agora, que o sujeito pense que a reação adequada para tais mudanças é se tornar um “justiceiro” e sair esfaqueando inocentes por aí, isso já é demência. Os ultraortodoxos de Israel são mesmo um tanto reacionários, em minha opinião, e jogam até pedras em mulheres que “ousarem” circular por “seus” bairros com short ou saia. Fanatismo, como disse, é algo perigoso, e não vejo tanta diferença desses judeus para seus inimigos muçulmanos, que obrigam as mulheres a usar burca.

A diferença é que essa gente é minoria em Israel, e foi “domesticada” por uma cultura de liberdade, tolerância, democrática, que respeita a liberdade individual. Tanto que no próprio Parlamento israelense, o Knesset, há minorias árabes e muçulmanas participando ativamente da política do país. A própria realização da Parada Gay, que em Tel Aviv é uma das maiores do mundo, prova como Israel não é isso, esse fanatismo religioso tacanho.

Atos monstruosos como esse apenas dão força aos radicais do outro lado, aos que transfomaram o movimento gay numa agenda bem diferente de busca de respeito para os homossexuais. Devem ser repudiados com veemência, sem o receio de ofender os “conservadores”. Quem acha que pode usar uma faca contra uma menina só porque estava numa Parada Gay não é conservador, nem mesmo reacionário; é um assassino, um fanático perigoso, um doente mental que precisaria se tratar num bom divã.

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Em Israel, ele será severamente punido. No Irã, por exemplo, gente assim está no poder. Eis um contraste evidente que a esquerda anti-Israel insiste em ignorar…

Rodrigo Constantino