“Eu acho que é preciso tomar cuidado. No Brasil, neste momento, está havendo uma onda de direita, de verdade, e eu sou contra. Uma coisa é você ser contra os desvios do PT, outra coisa é apoiar a onda de direita, a bancada da bala (…) Acho que não precisa entrar nessa onda direitista do ponto de vista de costumes, isso é delicado. A própria estrutura da família mudou. A família hoje é uma coisa diferente do que era antes”, disse Fernando Henrique Cardoso ao UOL.
Nós, dessa nova direita, agradecemos. É importante lembrar que o PSDB, especialmente aquele dos caciques mais velhos como Serra e FHC, é um partido de esquerda, ao contrário do que dizem os petistas. Os tucanos flertam com a social-democracia “progressista”, que nos Estados Unidos seriam os “liberais” do Partido Democrata. Ou seja, a esquerda americana. Uma esquerda mais civilizada, é verdade, menos jurássica do que o PT e o PSOL, mas ainda assim esquerda.
Faz concessões na economia, aceita alguma privatização, uma economia de mercado não tão controlada pelo estado. Mas é só. A convergência com os liberais clássicos e conservadores acaba aí. No restante, é como toda a esquerda. Defende o welfare state, ou seja, um estado paternalista. Embarca na narrativa coletivista de “marcha dos oprimidos”, endossando a “revolução das vítimas” e esquecendo da menor minoria de todas, o indivíduo. Ignora as tradições, os valores morais que foram se solidificando ao longo dos séculos. É “prafrentex”, ou seja, “descolada” e “moderninha”.
Se a pauta é legalizar as drogas, lá estará essa esquerda. Se a pauta é legalizar o aborto, lá estará essa esquerda. Se a pauta for cotas raciais, lá estará essa esquerda. Se a pauta for desarmar os cidadãos honestos, usurpando deles o direito inalienável de legítima-defesa, lá estará essa esquerda. Há pontos de interseção com os libertários nos costumes e com os liberais e conservadores na economia, mas para por aí. O PSDB é um PT com perfume francês, higienizado, mais civilizado.
Acho que faz parte do debate democrático, e quisera eu que essa social-democracia fosse o ponto extremo da esquerda no espectro político. Não há espaço, num país minimamente civilizado, para PT e PSOL. Mas é sempre bom deixar claro que o PSDB não representa mesmo a direita, nem a liberal, nem a conservadora. E, ao contrário de FHC, vejo com ótimos olhos essa guinada ainda incipiente à direita. São os ventos de mudança de que o Brasil precisa. Menos Marx, mais Mises. Menos Foucault, mais Scruton. Menos Hillary, Obama e FHC, e mais Reagan e Thatcher!
FHC se diz preocupado com a “onda de direita”? Ainda bem! Preocupado estaria eu se ele apoiasse essa onda, sendo ele um ícone da esquerda.
Rodrigo Constantino
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