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A FLIP não tem mais nada a ver com literatura: é apenas palco para comunistas
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Acabo de publicar um texto sobre a FLIP, com base em excelente artigo de Flavio Morgenstern, e leio a coluna de hoje do meu editor Carlos Andreazza, justamente sobre o mesmo assunto. Andreazza esteve presente no local, viu com os próprios olhos todo o proselitismo, os “artistas” engajados gritando “Fora, Temer!”, e ainda por cima bancando os oprimidos, perseguidos e corajosos. Que piada!

A análise de Andreazza ganha ainda mais peso não só por ele ser editor, portanto do meio, como um editor que tem a coragem (essa sim, real) de publicar autores com viés ideológico diferente, fornecendo aos leitores, assim, o direito ao contraditório. E falo de não-ficção, mas quando o assunto é literatura, a Record também se destaca com nomes de peso. Logo, não é um “palpite” de alguém de fora, e sim uma acusação grave de quem sabe muito bem do que está falando. Diz ele:

É dramático que a repetição de palavras de ordem e a imposição de agendas político-partidárias sejam confundidas com a livre discussão de ideias. Mas é assim que a coisa vai. Baterei muito nesta tecla: a ocupação — a corrupção — da linguagem sempre precede; uma das explicações para a ruína da vida pública brasileira. Escrevo isso enquanto penso na programação oficial da Flip.

A festa literária — é verdade — fala muito pouco do (ao) Brasil real, mas é possível propor uma reflexão sobre o Brasil dos senhores da cultura a partir do que se passa em Paraty uma vez por ano. Porque ali se reúne a suposta elite intelectual do país. Porque ali, na Tenda dos Autores, não há o mais mínimo espaço para o contraditório. E porque ali, no entanto, a maioria dos presentes está certa de travar o mais franco e plural debate público já havido na Terra.

Esta é uma miséria brasileira: as pessoas pensam — acreditam mesmo — estar discutindo a valer, dialogando e enfrentando questões prementes, quando, porém, nada mais fazem do que pregar para convertidos, afastar o divergente e interditar o debate. Nunca uma cidade brasileira — das mais caras — terá reunido tantos golpeados e oprimidos quanto Paraty em 2016, destino da romaria de brancos manifestantes, todos seguros de representar os desejos e os interesses do povo brasileiro — que, desempregado e endividado graças ao governo popular, mais uma vez não pôde comparecer.

A FLIP não poderia ser um retrato melhor a nossa intelligentzia, da esquerda caviar formada por “intelectuais” com boa condição de vida que se julgam, porém, os únicos representantes do tal “povo”, o mesmo que só conhecem como abstração. O socialismo é o ópio dos intelectuais, e esses escritores e “artistas” são mesmo viciados.

O mais triste e sintomático de nossa época decadente é, como diz Andreazza, o fato de essa gente confundir aqueles gritos em uníssono com um “debate plural”, e ainda se considerarem “corajosos” depois por berrarem “Fora, Temer!” em ambiente dominado por petistas. Vai ser “corajoso” assim lá em Cuba, apoiando Fidel!

A esquerda caviar precisa de mascotes, pois só vive de símbolos e abstrações, ama a Humanidade, mas não liga para o próximo. Andreazza revela um caso concreto, de um escritor sírio que queria falar de poesia (foi convidado, afinal, para um evento literário), mas que acabou vaiado por não aceitar o papel de marionete que lhe reservaram. Ali era para ele ser apenas o sírio, o oprimido a falar de política (e de preferência atacar o “imperialismo estadunidense”).

Essa gente ficou patética demais, e nem se deu conta. Passou a acreditar nas próprias mentiras. E foi assim que chegamos ao fundo do poço quando um Gregorio Duvivier se tornou ícone da literatura, escrevendo até “poesia”, e ovacionado pela legião de idiotas, pois é um dos mais engajados na “arte” que realmente importa ali: gritar “Fora, Temer!”

Rodrigo Constantino

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