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Green New Deal: esquerda acusa republicanos de “truque” ao propor que votem projeto
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O tal Green New Deal é tão revelador em tantos sentidos que merece muito mais atenção do que está tendo. Aliás, eis o primeiro fato revelador: o leitor não leu absolutamente nada sobre o assunto na imprensa brasileira, só aqui no meu blog. Comentei o grau de radicalismo do troço, que beira ao infantilismo ginasial misturado com pitadas fortes stalinistas. A “nova cara” dos democratas mostrou sua real carranca comunista, e isso gerou reações hilárias.

Após a imensa maioria simplesmente rir da coisa, de tão patética que é, e mesmo lideranças do Partido Democrata, como Nancy Pelosi, tentarem se afastar do monstro, restou aos responsáveis um recuo tático. Alexandria Ocasio-Cortez disse que se tratava apenas de um “draft”, um esboço, o que torna a emenda pior do que o soneto. Se era apenas um esboço, mostra mais ainda a real intenção da turma, com suas ideias bizarras de acabar com aviões em uma década, trocar 90% da matriz energética do país no mesmo período, e pagar para quem não quer trabalhar.

Claro que não era esboço coisa alguma, e Ocasio-Cortez mente. Essas são suas crenças mesmo, de uma mente perturbada e sem qualquer preparo, que foi alçada à queridinha da imprensa porque os jornalistas são cada vez mais radicais. A própria mídia mainstream tentou aliviar a barra da “mais jovem deputada”, e focou na ambição, no sonho, na visão ainda que utópica do projeto que servia, ao menos, para despertar mentes e corações – mais corações do que mentes. Vale pela ousadia, dizem, ignorando que ousadas são as crianças que sonham sem os pés no chão, enquanto deputados precisam ser responsáveis.

A Câmara tem hoje maioria democrata, então cabe perguntar: por que os democratas não colocam o projeto para ser votado? Poderiam fazer isso facilmente, mas não fazem, apesar de vários terem declarado publicamente apoio ao Green New Deal (todos os pré-candidatos para 2020 fizeram isso, o que prova o grau de extremismo do partido hoje). Eles sabem que uma coisa é a retórica, com o apoio da mídia; outra, bem diferente, é partir para a ação. Colocar o projeto em votação iria abrir um debate mais sério sobre ele, e expor seu forte tom vermelho, socialista.

Mas eis que o golpe de mestre veio do Senado republicano. O líder da maioria, senador Mitch McConnel, fez aquilo que os democratas não tiveram coragem de fazer: disse que apresentaria o Green New Deal para votação no Senado. E a reação democrata foi a mais engraçada possível: estão acusando o senador de “sabotar” o projeto. “Não caiam no truque dos republicanos, não deixem esses negacionistas climáticos enganarem vocês”. E qual a sabotagem? Colocar o projeto para ser votado!

Ou seja, era tudo apenas uma brincadeirinha para inglês ver, ou melhor, para a elite “progressista” vibrar. Mas não venham com essa coisa de levar a sério o projeto e apresenta-lo para votação, que isso é sabotagem! Ao “acelerarem” o processo, os republicanos querem impedir um debate sério sobre a ameaça do aquecimento global, alegam os democratas. Não é divertido?

A esquerda americana se tornou pura retórica extremista. Não há mais espaço para lógica, debate sério, moderação. Todos precisam pagar pedágio para a política de identidades e endossar a histeria climática, caso contrário estão fora do jogo. Até Bill Gates, democrata histórico, chamou de “loucura” algumas propostas dessa nova turma democrata, como taxar mais de 70% da renda dos mais ricos. E Howard Schultz, ex-CEO da Starbucks, tem sido detonado pelos democratas por ser independente e falar coisas sensatas, como quando afirmou não enxergar raça, mas apenas indivíduos.

O Partido Democrata, hoje, está cada vez mais similar ao PSOL brasileiro. E ainda tem gente no Brasil que repete que não existe esquerda nos Estados Unidos. Seria cômico, não fosse tanta ignorância…

Rodrigo Constantino

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