• Carregando...
Herdeiros de Oscar Niemeyer seguem em disputa: comunismo acaba onde começa o espólio
| Foto:

O filósofo Luiz Felipe Pondé costuma brincar que todo o amor pela abstrata Humanidade acaba no momento em que os irmãos precisam disputar um apartamento de dois quartos deixado pelo pai como herança. É fácil pregar coisas belas e altruístas no mundo hipotético; difícil é praticar o que prega no âmbito individual. Por isso a mensagem cristã é de amor ao próximo, não ao coletivo abstrato. “Amar a humanidade é fácil; difícil é amar o próximo”, resumiu Nelson Rodrigues.

Lembrei disso ao ler a nota na coluna de Lauro Jardim sobre as constantes disputas entre herdeiros de Oscar Niemeyer. O arquiteto comunista, que adorava ditadores assassinos, deixou uma bela herança, pois como quase todo comunista ele adorava acumular dinheiro. Seu escritório tinha contratos leoninos com governos, garantia exclusividade para qualquer tipo de reforma, e não fazia o serviço no 0800, certamente. Além da grana em si, fica o nome e o direito de seu uso, o que rende bons dividendos também. É nesse sentido que parece haver novas brigas:

A briga entre os herdeiros de Oscar Niemeyer, que disputam os direitos de imagem do maior arquiteto brasileiro, ganhou um novo capítulo na Justiça.

A Fundação Oscar Niemeyer, chefiada pelo bisneto Carlos Ricardo Niemeyer, entrou com uma ação contra o Instituto Niemeyer, de Paulo Sérgio Niemeyer, seu primo. Quer impedir a instituição de criar o Prêmio Global Niemeyer, previsto para 2020.

A Fundação já realiza o Prêmio Oscar Niemeyer de Arquitetura Latino-Americana, que teve sua segunda edição em outubro, no México.

Proprietária legal dos direitos autorais do arquiteto, a Fundação Niemeyer está há quatro anos nos tribunais com processos similares. Inclusive, contra outro Instituto Niemeyer, fundado pela viúva de Oscar, Vera Niemeyer.

O leitor pode achar – e tem todo direito – que é muita mesquinhez, coisa pequena demais entre familiares do famoso arquiteto. Mas é uma boa lição sobre a natureza humana. Os conservadores costumam ser mais realistas em suas premissas sobre ela, acerca das paixões que costumam influenciar a todos nós, enquanto os “progressistas” adoram as teorias furadas e românticas de Rousseau, de “bom selvagem”, de elasticidade quase infinita da nossa natureza e sua capacidade de “aprendizagem”, como se palavras bonitas fossem criar o “novo homem”, abnegado e altruísta.

O resultado histórico dessa crença infantil e ingênua conhecemos bem por meio das tragédias dos experimentos comunistas. Oscar Niemeyer, não obstante o estrondoso fracasso dessa ideologia, continuou até o fim de sua longa vida endossando a utopia comunista. É apenas irônico que seus próprios herdeiros comprovem, com atos em vez de discursos, como esse conceito é bobo, e como a vaidade, a ambição, o egoísmo e outras paixões falam mais alto na hora de decidir. Nenhum modelo político deve ser desenhado tomando como base a premissa de que homens são santos…

Rodrigo Constantino

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]