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Arrestatie van een Marokkaanse relschopper na afloop van de demo tegen de cartoons Foto NRC H'Blad, Maurice Boyer 060211
Arrestatie van een Marokkaanse relschopper na afloop van de demo tegen de cartoons Foto NRC H'Blad, Maurice Boyer 060211| Foto:

A Holanda costuma ser associada à ideia de um país tranquilo, civilizado, com todos circulando com suas bikes por aqueles lindos canais. Isso sem falar do time “laranja mecânica” de futebol, por suas cervejas e pelo vanguardismo na liberação do consumo de drogas. Em Amsterdã, onde estive, faz tempo em que esse experimento começou e produziu controvérsias, pois os resultados parecem longe do satisfatório. Mas daí a falar em nação-narco, dominada pelo crime? Não é puro sensacionalismo da imprensa em busca de audiência?

Bem, foi a chamada no The Guardian, jornal esquerdista, com base em relatório de uma associação policial. O alerta é de que a polícia holandesa estaria se tornando incapaz de combater a emergência de uma economia paralela criminosa, o que não pode ser corroborado por estatísticas oficiais, mas o motivo seria a desistência das vítimas em reportar os incidentes. Ou seja, a coisa teria se tornado tão mais frequente que as pessoas teriam abandonado até esperanças de combatê-la.

“Apenas um em nove grupos criminosos podem ser abordado com as pessoas e os recursos atuais”, diz o relatório. Os detetives percebem que os pequenos crimes se desenvolvem em ricas organizações que se estabelecem na indústria hospitalar, no setor imobiliário, nas agências de viagens, na classe média. O relatório vem de um sindicato da polícia holandesa e se baseou em entrevistas com 400 detetives, e diz que a Holanda preenche hoje vários quesitos de uma nação-narco, com o surgimento de um estado paralelo.

Os críticos da legalização da maconha nos coffee shops e da prostituição aberta nas ruas (a “red light street” é mundialmente famosa) alegam que essa “política de tolerância” ajudou a transformar o país num hub internacional para o tráfico de drogas e pessoas. A maioria do ecstasy consumido na Europa e nos Estados Unidos vem de laboratórios no sul da Holanda, cada vez mais administrados por gangues marroquinas ligadas à produção de cannabis.

O porto de Roterdã é extremamente ativo em todos os negócios, e isso inclui tráfico de drogas também. Segundo o Europol, metade dos €5.7 bilhões em cocaína comercializados por ano na Europa passa pelo porto. A associação policial demanda um efetivo de mais 2 mil oficiais recrutados, e muitos críticos poderão ver esse alarmismo como uma tentativa de extorquir mais recursos do governo central. Porém, diz o jornal, as denúncias batem com outro relatório vazado no começo do ano, elaborado pelo Ministério Público.

Enquanto houve uma queda de 25% no número de crimes reportados nos últimos 9 anos, o relatório apontava que 3,5 milhões de crimes ficavam sem registro todo ano, mais do que o triplo daquilo que era oficialmente registrado. O relatório também suscitava o receio de que as autoridades estavam ficando com uma “desvantagem insuperável” em relação aos criminosos.

O prefeito de Amsterdã, a força policial local e o promotor público da capital holandesa também advertiram publicamente este mês sobre o crescimento do crime organizado, assim como para uma mudança em direção a crimes “invisíveis” em certas vizinhanças, fora do controle e da vista das autoridades. O chefe da polícia de Amsterdã, Pieter-Jaap Aalbersberg, alegou que seu pessoal estava gastando 60 a 70% de seu tempo tentando combater os crimes pontuais das gangues.

Jovens aceitam matar por quantias consideradas pequenas na realidade holandesa, como três mil euros. No passado, o valor para esse tipo de crime era de 50 mil. E com a polícia lutando com dificuldades para combater os grandes crimes, os menores passam despercebidos ou ignorados. Os crimes que miram em idosos ou alvos mais vulneráveis acabam impunes, e apenas 20% seria registrado.

O ministro da justiça e segurança, Ferd Grapperhaus, admitiu ter recebido o relatório da polícia alertando para a falta de capacidade de combater o crime organizado, e disse que era sinal de que o alerta tinha que ser levado a sério. “Esse governo reconhece que é necessário investir na força policial”, disse. Por isso ele anunciou mais investimentos este ano, assim como cem milhões de euros só para o combate ao crime organizado. Ainda assim, ele acha um exagero chamar o país de “nação-narco”.

Talvez ele esteja certo. Talvez haja algum exagero no relatório da polícia. Mas se a Holanda insistir no multiculturalismo politicamente correto, na política de tolerância às drogas, e no “welfare state” que reduz as oportunidades dos mais jovens, o termo poderá ser o mais adequado em alguns anos…

Rodrigo Constantino

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