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Ladrões de instituições roubam mais do que nosso dinheiro; roubam nosso futuro!
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Não proteja apenas seu bolso deles; proteja nossa democracia!

Já escrevi alguns textos mostrando que o mensalão não foi um crime comum, um “simples” esquema de desvio de recursos, mais do mesmo como os petistas querem que acreditemos. Nesse artigo do GLOBO, por exemplo, deixei bem claro que foi uma tentativa golpista de usurpar nossa democracia. Nesse outro, argumentei que é ridículo comparar o mensalão do PT com o “mensalão” mineiro. Os jornalistas sérios sabem muito bem que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Em sua coluna de hoje na Folha, Reinaldo Azevedo, um dos que mais têm apontado para tais diferenças, reforçou com ótimos argumentos esse ponto, desconstruindo a narrativa petista que tenta jogar todos no mesmo saco podre (o PT, outrora monopolista da ética nos discursos, hoje se contenta em parecer tão ruim quanto os demais, pois é pior). Diz ele:

Um ladrão de dinheiro público é um caso de polícia; um ladrão de instituições é um caso de política. Um ladrão de dinheiro público faz um rombo no caixa; um ladrão de instituições faz um rombo numa cultura; um ladrão de dinheiro público morrerá um dia; um ladrão de instituições procria. Um ladrão de dinheiro público inviabiliza um projeto; um ladrão de instituições inviabiliza um país. Apelando agora a Padre Vieira: um ladrão de dinheiro público pode até ser enforcado; um ladrão de instituições manda enforcar.

O jornalismo político no Brasil está, sim, preparado –às vezes, atropelando garantias legais que deveriam ser preservadas– para denunciar o larápio que avança contra o caixa, mas, infelizmente, anda muito pouco atento às manobras solertes dos ladrões de instituições. Quando um ministro de Estado, como Gilberto Carvalho, faz uma peregrinação ao Congresso em defesa do decreto 8.243 –aquele dos conselhos populares–, ele não está avançando no erário. Não há como chamar a polícia. Ele quer é assaltar os fundamentos da democracia representativa. Carvalho, nessa ação, não tenta roubar o nosso dinheiro; ele tenta é roubar o nosso futuro. Com aquele seu ar sereno de santarrão de sacristia, mas com alma de Savonarola.

Eu nunca considerei que o aspecto mais deletério do mensalão fosse a roubalheira em si –que também aconteceu. Mais grave foi a tentativa de criar um Congresso paralelo. Lambanças como as ocorridas na Petrobras, que a CPI deveria estar investigando, podem ter cura se o Brasil e a estatal tiverem governanças decentes. Mas não há esperança quando condescendemos com ladrões de instituições. Até porque eles é que escrevem os evangelhos seguidos pelos outros ladrões. 

De fato, muitos jornalistas prestam um desserviço ao país ao tratar tudo como se fosse similar, jogando as denúncias em um enorme caldeirão chamado “corrupção”. O buraco com o PT é bem mais embaixo. Estamos diante de uma ameaça à democracia. Os jornalistas precisam atentar para isso com urgência.

Vejam, por exemplo, a última deles: computadores do Planalto alteraram os perfis de jornalistas do GLOBO na Wikipedia, acrescentando mentiras para desqualificá-los. Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg foram alvos dos larápios de biografia. Não estamos diante de ladrões de carteira, mas algo muito pior!

Miriam Leitão se mostrou espantada e indignada. Deveria estar indignada, mas espantada? Ela não esperava esse tipo de atitude dessa gente? Em que mundo ela vive? Vale lembrar que certa vez, para poder atacar os “petralhas”, Miriam sentiu necessidade de bancar a “isenta” e partiu para um ataque simultâneo a Reinaldo Azevedo e a mim. Será que ela nos imagina fazendo algo dessa natureza? São todos, afinal, “radicais”…

Muitos jornalistas estão hibernando há tempo demais. Passou da hora de despertar e ajudar a levar mais informação ao grande público. Não apenas sobre os escândalos infindáveis de corrupção desse governo, que isso tem sido feito de forma competente. Mas sim sobre o que o PT realmente pretende fazer com nossas instituições, algo bem mais grave!

Rodrigo Constantino

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