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Já disse em várias outras ocasiões que a presença do ministro Joaquim Levy no governo Dilma prejudica o país. Por motivos opostos, alinho-me aos petistas que querem sua saída. Eles acham que Levy é o símbolo da guinada de Dilma rumo à ortodoxia, enquanto eu o enxergo como o bode expiatório da esquerda para culpar o “neoliberalismo” pelas trapalhadas do “desenvolvimentismo”.

Mas há mais do que isso: sua presença no governo impede a real constatação e o consequente enfrentamento do verdadeiro problema fiscal no país. Levy tem sido o homem de uma nota só, cobrando do Congresso a aprovação da volta da CPMF. Para isso não era preciso um doutor de Chicago: o Mantega mesmo bastava. Aumento de imposto não é o caminho, e Levy sabe disso.

Fernando Rocha, economista da JGP, explica em sua coluna de hoje no Valor o plano 123 de Levy. Primeiro ele queria resgatar a confiança dos agentes econômicos, e para isso necessitava de mais receita fiscal, para somente depois atacar o cerne da questão: os elevados gastos públicos. Mas houve erro de cálculo, e o tiro saiu pela culatra. Ao insistir na volta da CPMF, Levy ajuda a impedir o diagnóstico correto do problema. Diz Rocha:

Por que o Brasil paga 12% do PIB de Previdência Social sendo um país jovem, enquanto países com a mesma estrutura etária pagam menos de 5% do PIB? Por que as aposentadorias rurais, que não exigem contribuição, superam em muito a participação de trabalhadores desse setor no total da mão de obra empregada? Por que o gasto com seguro desemprego disparou enquanto a taxa de desemprego atingia recordes de baixa? Existem tantos pescadores profissionais no Brasil quanto os que se qualificaram para o seguro defeso? Qual é a justificativa do abono salarial? Por que uma viúva jovem recebia até pouco tempo atrás uma pensão vitalícia? Enfim, são muitas perguntas sem resposta.

A verdade é que o Brasil chegou a um ponto que não dá mais para procrastinar o ajuste das despesas. O país simplesmente não pode pagar todos os benefícios propostos, muitos deles injustificados. Para atender alguns beneficiários, que nem sempre são os mais necessitados, todos se sacrificarão, inclusive os mais pobres. No entanto, alguns estão pedindo a cabeça do ministro da Fazenda, desejando um retorno às políticas desenvolvimentistas, leia-se populistas. Se nada for feito para coibir as despesas públicas, teremos uma volta ao passado, em que as opções são o calote da dívida ou a inflação generalizada, ou ambos como tivemos na década de 80. A situação é tão grave assim.

E é mesmo! Os petistas pedem a cabeça de Levy pelos motivos errados. Se sai Levy e entra um Belluzzo da vida, sai de baixo! A desgraça será inevitável, e o país quebra de vez. Mas Levy deve sair sim. Não para a entrada de um “desenvolvimentista”, e sim para que caia o véu que esconde nossa dura realidade. O Brasil não pode conviver com mais impostos. Passou da hora de cortar de verdade nossos gastos públicos. E Levy está ajudando a ocultar esse fato da população. Sai daí, Levy!

Rodrigo Constantino

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